Desde sua fundação, em 1996, a Vida Brasil tem como missão
contribuir para uma sociedade mais inclusiva, sustentável e democrática. A
defesa da democracia, portanto, é um valor primordial que nós da Vida Brasil
carregamos. Acreditamos que, mesmo com falhas e imperfeições, a democracia é o
melhor sistema possível, considerando todo o contexto global atual e as experiências
do passado. Por isso trabalhamos nos últimos 20 anos para fortalecer as
instituições democráticas, buscando cada vez mais a ampliação da participação
da sociedade civil nos espaços de poder e a garantia do Estado Democrático de
Direito de forma irrestrita, sobretudo onde a efetivação da democracia ainda
tarda a chegar e os direitos humanos da população ainda não são garantidos,
como nas periferias das grandes cidades.
Por conta dessa trajetória, a Vida Brasil se orgulha de levar
sua experiência para outros países, sobretudo da América Latina e África,
continentes em que o sistema democrático ainda estão em recente construção. Um
importante exemplo é a Tunísia, país que em 2011 instalou o modelo democrático,
após a revolução que depôs o ditador Ben Ali, no poder durante 24 anos. Desde
então, a Vida Brasil esteve duas vezes em solo tunisiano, levando contribuições
para fortalecer a recém nascida democracia do país, além de aprofundar laços de
cooperação com diversos representantes do movimento social da Tunísia.
A história da Vida Brasil, seu passado e seu presente não
negam a importância que damos para a radicalização da democracia, de forma
inclusiva e participativa. Assim sendo, não poderíamos deixar de nos posicionar
sobre a grave situação que o nosso país está vivendo nesse momento. Por isso,
ratificamos:
- Apoiamos toda e qualquer investigação sobre toda e qualquer
pessoa, desde que respeite a legalidade e não sobreponha os direitos
individuais. Não concordamos com vazamentos ilegais e seletivos de peças da
investigação, com a evidente intenção de desestabilizar o governo e aprofundar
a crise política;
- Defendemos o combate à corrupção, mas não compactuamos com
os falsos moralistas que usam esse discurso por mera disputa de poder
partidário, sem propor mudanças estruturais. Por isso, defendemos o fim do
financiamento privado de campanha; a votação do pacote anti-corrupção,
estagnado na Câmara dos Deputados; uma reforma política ampla e participativa;
e isenção nas investigações, julgamentos e condenações, sem perseguir ou
blindar um ou outro partido político;
- Não concordamos com a postura que
vem tendo os principais veículos de comunicação do país, especialmente o grupo
Globo. Lamentamos a manipulação das informações e a tendenciosa construção da
narrativa midiática, nitidamente voltada para o ataque ao governo, sem prezar
pelos princípios éticos do jornalismo. Por isso defendemos uma mídia mais
isenta, que garanta espaço para a diversidade dos debates de forma equilibrada
e qualificada, sobretudo as emissoras de TV que funcionam a partir de concessão
pública, a exemplo da rede Globo, e têm o dever legal e moral de prezar pelas
instituições democráticas e ser intelectualmente honestas com seus
espectadores. Ratificamos nossa luta pela democratização dos meios de
comunicação e seu marco regulatório.
- Repudiamos o pré-julgamento feito à
presidenta Dilma, com o nítido caráter de enfraquecer o governo e forçar a sua
saída. É válido lembrar que contra ela não pesa nenhuma acusação de corrupção e
que Dilma foi democraticamente eleita pela maioria dos eleitores e tem o
direito constitucional de concluir o mandato. Defenderemos sua saída legal se
em algum momento houver julgamento e comprovação de crimes cometidos diretamente
por ela, algo que no momento ela não é sequer acusada. O que se vê é uma
coalizão de forças lideradas por partidos de oposição, grupos midiáticos,
setores conservadores da sociedade e indivíduos alocados em diversas
instituições públicas que deveriam prezar pela legalidade de suas ações. Para
essa tentativa de expulsão forçada da presidenta, desrespeitando o resultado
das eleições e atropelando a legalidade democrática damos o nome de golpe.
- Defender a democracia não significa
apoiar o programa do atual governo. Aliás, somos críticos a diversos projetos,
como a Lei Anti-Terrorismo; a perca da soberania na exploração do pré-sal; o
arrocho econômico com cortes na Saúde e na Educação; e a perspectiva de
privatizações e perca de conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras; dentre
muitos outros projetos. Mas o enfrentamento a essas ações deve se dar dentro do
campo democrático. A defesa das instituições democráticas estão acima de
qualquer partido ou grupo político.
Esses são os principais posicionamentos
da Vida Brasil diante do atual cenário do país. Por considerar que os grupos
que estão articulando a derrubada do governo estão desrespeitando e
comprometendo a Democracia brasileira, nos colocamos contra a qualquer
tentativa de retroceder às conquistas democráticas que nos foram tão caras
construir. A Vida Brasil é a favor da democracia e por isso segue lutando,
defendendo e trabalhando pelo seu fortalecimento.
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