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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

SEMINÁRIO: Expressões e Impressões do Fórum Social Mundial 2016

O Seminário "Expressões e Impressões do Fórum Social Mundial 2016" será realizado no próximo 18 de outubro, das 14 às 18 horas no auditório da Escola de Administração da UFBA. Este seminário pretende não só retratar o que foi o FSM 2016, mas também contribuir para uma reflexão sobre os processos de convergência dos movimentos sociais em prol de uma agenda comum, um assunto bastante relevante na atual conjuntura brasileira, baiana e planetária.

Início da descrição: Banner no formato quadrado, com duas cores: vermelho e Branco. Um mapa da Bahia, na cor branca, ocupa quase todo o quadrado. Dentro do mapa está escrito "Seminário: EXPRESSÕES E IMPRESSÕES DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2016. 18 de outubro de 2016. Escola de Administração da UFBA. Das 14h às 18h. Acima, do lado esquerdo, um balão branco, formato retangular, com inscrições em letras vermelhas diz: 2016 Fórum Social Mundial. No mesmo alinhamento, abaixo a esquerda, um retângulo também de fundo branco com as informações; Realização/Apoio: Coletivo Baiano do Fórum Social Mundial, Escola de Administração da UFBA - PROAP/NEC, fsm2015coletivobahia@gmail.com, tel(71)33214382. Fim da descrição.
Observações: O balão branco, formato retangular, com inscrições em letras vermelhas diz: 2016 Fórum Social Mundial, foi a logomarca do FSM 2016, inserido em fundo vermelho.

O que é o Fórum Social Mundial?
“Um outro mundo é possível!” É com esse lema que o Fórum Social Mundial (FSM) tornou-se conhecido. Surgido em Porto Alegre em 2001 por iniciativa de organizações da sociedade civil brasileira e planetária, o FSM desafiou o Fórum Econômico de Davos, rebateu o discurso vigente do pensamento único neoliberal e denunciou os efeitos perversos da globalização econômica e financeira.
O evento mundial foi reiterado na capital gaúcha em três edições, foi para Índia, Quênia e voltou ao Brasil em 2009, em Belém. Nesta década, as edições mundiais do FSM ocorreram principalmente em cidades africanas: Dacar (Senegal) em 2011 e Túnis, capital da Tunísia e berço da primavera árabe, em 2013 e 2015. Na última edição, em agosto passado, a voz dos movimentos sociais foi levada de forma inédita em um país do “Norte”, no Canadá, no coração do capitalismo norteamericano.

Paralelamente à edição mundial, fóruns sociais locais, regionais e temáticos multiplicaram-se pelo mundo, estreitando cada vez mais a relação entre o local e o global.
O FSM virou o símbolo da busca por um outro modelo de desenvolvimento para o planeta, socialmente justo e ambientalmente sustentável. Soube reanimar a chama da utopia no imaginário coletivo planetário. Não só militantes mas também muitos governantes que acessaram o poder pelas urnas, como na América Latina, reconhecem-se como “filhos e filhas do FSM”.
FSM 2016 em Montreal: o primeiro FSM no Norte
A última edição mundial foi realizada de forma inédita em um país do hemisfério Norte, em Montreal (Canadá), de 9 a 14 de agosto. A província de Québec, onde fica Montreal, destaca-se como um importante território de resistência ao neoliberalismo e de construção de alternativas coletivas ao sistema dominante na região. A população canadense derrubou no ano passado o governo conservador que, durante 10 anos, conduziu uma política econômica ultraliberal baseada em um extrativismo predatório e um forte conservadorismo social. A luta contra as areias betuminosas e oleodutos no Canadá, a mobilização dos povos indígenas pelos seus direitos, a força dos movimentos sociais, sindicais e ambientalistas, têm contribuído para essa mudança política e motivaram a escolha de Montreal para realização do FSM 2016.

 “Um outro mundo é necessário. Juntas/os, torna-se possível” foi o lema do FSM 2016. Organizado por um comitê local formado principalmente por jovens, o evento inovou em muitos aspectos, mas também enfrentou grandes dificuldades, começando pela negação de vistos para mais de 500 ativistas, principalmente de países africanos, do Oriente Médio, da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil.
Que balanço pode ser feito, quais foram os avanços e os desafios do FSM 2016? São alguns dos questionamentos que vão orientar a 1ª mesa do seminário.
O FSM: mais do que um evento, um processo
O FSM, na sua caminhada de 15 anos, envolveu movimentos e países tão diversos que a sua edição mundial tornou-se o maior encontro da sociedade civil planetária. Por isso, para além do evento, o FSM é um processo de mobilização, articulação e construção.
O FSM já teve muitas contribuições: pautou na agenda mundial o aumento das desigualdades decorrentes da financeirização da economia e valorizou outros paradigmas de desenvolvimento, a exemplo do “bem viver” defendido pelas populações indígenas andinas e amazônicas em contraponto ao “viver melhor” da ideologia capitalista; ou de outras formas de economia, da economia solidária à economia do cuidado dos movimentos feministas. Aprofundou o sentido da participação da sociedade civil, estimulou a criação e o funcionamento de múltiplas articulações nacionais e internacionais e inspirou a implementação de diversas políticas públicas.

A questão hoje é saber se o FSM é capaz de traçar uma estratégia articulada de superação do capitalismo e trazer respostas viáveis à crise civilizatória pela qual passa a humanidade. O capitalismo entrou em crise de múltiplas dimensões nos últimos anos e busca formas de se reinventar. Nesse contexto, como articular as lutas e ações específicas e localizadas com uma luta mais global? Quais as possibilidades de convergências das atuações da sociedade civil organizada, no Brasil como no mundo? Qual é o papel que um espaço como o FSM pode cumprir? Que mudanças, notadamente de cultura política, devem ser trazidas no processo do FSM? Essas questões serão aprofundadas na 2ª mesa do seminário.
A Bahia e o Brasil no FSM
As organizações e movimentos sociais brasileiros possuem uma responsabilidade histórica no processo do FSM. Na Bahia, e mais especificamente em Salvador, diversos eventos relacionados com o FSM foram organizados na última década, tais como o 1º Fórum Social Baiano em 2004, o 2º Fórum Social Nordestino em 2007 ou ainda um Fórum Social Mundial Temático em 2010. No final da década anterior, ocorreu uma certa desmobilização, como consequência do distanciamento da edição mundial do evento e da falta de informações, mas também da descrença sobre a capacidade das instâncias de facilitação do processo FSM de reinventar-se na atual conjuntura.

Desde 2013, um coletivo baiano foi novamente formado, composto hoje por mais de 30 organizações e movimentos sociais. A sua participação no processo do FSM, incluindo nas 3 últimas edições mundiais do evento, foi intensa, resultando no fortalecimento das relações internacionais em diversas áreas: enfrentamento ao racismo, participação e democracia, direitos das mulheres, das pessoas com deficiência, democratização da comunicação, meio ambiente, direito à cidade, entre outros. Diversos seminários nacionais e internacionais foram realizados nos 3 últimos anos em Salvador, a exemplo de um encontro, em outubro 2015, que contou com a presença do Conselho Internacional do FSM.
A ruptura na conjuntura brasileira, com o retrocesso democrático e a crônica anunciada de uma deterioração dos direitos humanos e de um aumento das desigualdades, coloca novos desafios para os movimentos sociais brasileiros. Com um futuro do Brasil tão incerto, quais estratégias de enfrentamento podem ser delineadas? Como o processo do FSM pode contribuir? Essas questões devem permear a 3ª e última mesa do seminário.

PROGRAMAÇÃO

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Fórum Social de Porto Alegre é realizado, com participação do Coletivo Baiano/FSM

Aconteceu em Porto Alegre, entre 19 e 23 de janeiro, o Fórum Social Temático (FST), comemorando e refletindo sobre os 15 anos de Fórum Social Mundial (FSM), cuja primeira edição também aconteceu na capital gaúcha, em 2001. 

Da Bahia, uma delegação de 14 pessoas que integram o Coletivo Baiano do FSM participou do evento, representando diversos segmentos, dentre eles: movimento negro, ambientalista, de pessoas com deficiência, de moradia, povos tradicionais, sindical e de Economia Solidária.

Para Damien Hazard, coordenador da Vida Brasil e diretor executivo da Abong, a reinvenção do FSM deve ter como base estratégias traçadas no plano local. Ele destacou que a participação da delegação baiana revela a existência de dinâmicas estaduais no Brasil, independente das articulações nacionais e internacionais. Para Damien, o balanço do FST foi positivo pois “envolveu uma diversidade de movimentos e organizações do Brasil, da América Latina e do mundo, e contribuiu para vários processos de convergência, tais como os movimentos negro, de idosos, economia solidária ou do direito à cidade”. Ele ainda destacou o maior envolvimento de organizações da sociedade civil em debates de interesse comum, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030. 


Coletivo Baiano/FSM na Marcha de Abertura
Abaixo, diversas publicações relacionadas ao Fórum Social Temático de Porto Alegre (clique no título para acessar a publicação original):

Marcha de Abertura (por Vinícius Borba – Comunicação Colaborativa FSMT 2016)
Vídeo com imagens e entrevistas durante a Marcha de Abertura do FST.

Reportagem sobre o FST (por Jornal Correio do Povo)
Entrevista com o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, discutindo a crise da democracia; cobertura do Jornal Boca de Rua, realizado por moradores de rua; entrevista com Damien Hazard sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 2030.

“Durante o Fórum Social Temático, mulheres negras trouxeram para uma roda de conversa as diversas experiências que marcaram suas vidas e o processo de construção da própria identidade”

Entrevista com Mauri Cruz, coordenador do comitê organizador do FST, fazendo um balanço da realização e resultados do Fórum.

Artigo de Bia Barbosa sobre a necessidade de reivenção do Fórum e do desafio de agregar novos sujeitos políticos.

Reportagem sobre os temas abordados no Fórum, tais como os programas policialescos, violência, acesso à informação, democracia e diversidade.

Ativistas e militantes defenderam, durante o Fórum Social Temático de Porto Alegre, a manutenção da Secretaria Nacional de Economia Solidária.

Artigo escrito por Mauri Cruz, destacando a carta de compromisso dos movimentos sociais aprovada durante o FST.

Plenária Final do Fórum Social Temático (por Vinícius Borba – Comunicação Colaborativa FSMT 2016)
Reportagem sobre a plenária final e a aprovação da Carta de Compromisso do FST, com imagens e entrevistas.

Trecho do encerramento do show do grupo Alabê Ôni, integrando a programação cultural do FST.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Salvador sediou Seminário Internacional que discutiu os rumos do Fórum Social Mundial

Foi realizado no dia 29 de outubro de 2015, em Salvador, o seminário internacional “Diálogos impertinentes: o Fórum Social Mundial (FSM) na construção de um outro mundo possível”. O evento contou com a participação de membros do conselho internacional do FSM, além de representantes do movimento social brasileiro e estrangeiro, como da Tunísia, Palestina e Curdistão.

Diálogos Impertinentes: O FSM na construção de um outro mundo possível

O evento reuniu cerca de 150 pessoas, que participaram das três rodas de diálogo que aconteceram durante todo o dia. No primeiro momento, foi apresentado um panorama de lutas pelo mundo. Questões como direito à moradia e o genocídio da população negra na Bahia foram abordadas pelos participantes.

Do ponto de vista global, o ativista Ismail Radwan discutiu a situação da Palestina, frente à negação de direitos e violência promovida pelo governo de Israel. Para ele, os palestinos estão sofrendo um massacre e precisam de apoio internacional. Na oportunidade, a plenária também citou o caso do brasileiro-palestino Islam Hamed, que desde 2010 está preso a pedido de Israel, acusado de ter atirado pedras contra colonos israelenses.

Gran Ozcan, do Curdistão

Representando o movimento social do Curdistão, estiveram presentes Yilmaz Orkan e Gran Ozcan, que apresentaram a grave situação do povo curdo, que ao mesmo tempo em que precisa evitar o avanço do Estado Islâmico na região, precisa resistir às ofensivas do governo da Turquia, que não admite a independência e autonomia do povo curdo.

Na parte da tarde, o foco do evento foi debater o presente e futuro do Fórum Social Mundial. Foram discutidas questões ligadas à necessidade de reestruturação do Conselho Internacional do FSM; à reinvenção do próprio Fórum; e os novos rumos e desafios que o FSM deve superar para continuar sendo um espaço de articulação dos movimentos sociais por todo o mundo.

Membros do Comitê Organizador do próximo FSM 2016, que será realizado no Canadá


Por fim, os organizadores do próximo Fórum Social Temático de Porto Alegre – que irá comemorar os 15 anos de FSM – e do FSM 2016, no Canadá, apresentaram os preparativos e propostas para esses próximos eventos.

Além das discussões sobre o futuro do FSM e os panoramas de lutas trazidos pelos participantes, o seminário também contou com diversas apresentações artísticas. Um momento emocionante ocorreu logo na abertura, com o espetáculo de dança promovido pelos artistas Cabral e Rocha, da ABDCR. Quem também se apresentou foram as poetisas Ametista Nunes e Ana Suely, além dos músicos Aloysio Ribeiro, Makonnen Tafari o cantor Kamaphew Tawá, que esteve no FSM da Tunísia, em março desse ano.

Espetáculo de dança com Cabral e Rocha

Para Damien Hazard (Vida Brasil e Abong), o Seminário foi um importante momento que propiciou a troca de experiências e reflexões entre pessoas e movimentos diversificados, atuando em distintos países e regiões do mundo, com lutas e causas diversas. Segundo ele, “o evento contribuiu para sensibilizar cada um(a) de nós sobre outras problemáticas sociais e ao mesmo tempo aproximou as pessoas, fortalecendo o sentimento de estarmos juntas/os na construção de um outro mundo, socialmente justo e ambientalmente sustentável”.

O seminário foi promovido pelos Coletivos Baiano e Brasileiro do Fórum Social Mundial e pelo Conselho Internacional do Fórum, com os apoios da Abong (Associação Brasileira de ONGs), CTB, CUT, Governo da Bahia e Associação Vida Brasil.


Registros
O Seminário foi transmitido ao vivo para todo o mundo, incluindo a reunião do Conselho Internacional, que ocorreu nos dias 30 e 31 de outubro. Confiram:

Seminário: parte 1parte 2parte 3parte 4parte 5 
Reunião do Conselho Internacional: parte 1parte 14

Confiram as fotos do evento:


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Seminário em Salvador reúne movimento social internacional

No dia 29 de Outubro, das 9h às 18h, representantes do movimento social brasileiro e estrangeiro participarão do seminário “Diálogos Impertinentes: o Fórum Social Mundial (FSM) na construção de um outro mundo possível”. O evento, gratuito, irá ocorrer durante todo o dia e promoverá o diálogo entre os membros do Conselho Internacional do Fórum e representantes da sociedade civil baiana e brasileira.



O objetivo do encontro, que será realizado no hotel Vilamar (Amaralina), é fazer uma reflexão conjunta sobre a reinvenção do FSM e do seu Conselho Internacional, diante da atual conjuntura planetária. O debate irá recolher contribuições do movimento social brasileiro para a reunião fechada do Conselho, que acontecerá nos dias 30 e 31, também em Salvador.

O seminário contará com três rodas de diálogo. A primeira irá debater as conjunturas regionais e a solidariedade entre os povos, contando com representações curdas e palestinas. Na parte da tarde, a segunda mesa discutirá os atuais desafios do FSM e do processo de reestruturação do Conselho Internacional.

Alaa Talbi (quarto à direita), do movimento social tunisiano também estará presente. Recentemente a sociedade civil da Tunísia ganhou o Nobel da Paz, pela participação na Primavera Árabe e a luta por democracia

A última mesa de debates contará com membros do comitê organizador do Fórum Social Temático, que será realizado de 19 a 24 de janeiro, em Porto Alegre; e do Fórum Social Mundial 2016, que acontecerá em agosto, na cidade de Montreal, no Canadá. Os organizadores irão apresentar o processo de construção desses dois eventos.

Ao menos 50 participantes de fora da Bahia já estão confirmados, além de representações da América Latina, Canadá, Europa e África. Há a expectativa de contar com representantes do movimento social da Tunísia, que recentemente ganhou o Nobel da Paz pelo movimento de luta por democracia que ficou conhecido como “Primavera Árabe”.

Parte da delegação brasileira no Fórum Social Mundial 2015, realizado na Tunísia, em março.


Para Damien Hazard, coordenador da Vida Brasil, diretor-executivo da Abong (Associação Brasileira de ONGs) e membro do Comitê Internacional, o processo do FSM “está se reinventando na nova conjuntura de transformação acelerada do planeta”. Ele destaca a importância desse Seminário e da reunião do Conselho Internacional acontecerem em Salvador, pois, segundo ele, “a Bahia sempre teve papel importante no FSM e experimentou nos últimos anos um coletivo que soube se reinventar, na sua composição, na sua forma de vivenciar a diversidade e de fazer política, com uma radicalização das suas práticas democráticas”. Damien acredita que o movimento social baiano pode contribuir “com essa busca de ressignificação do FSM”.

O Seminário é promovido pelos Coletivos Brasileiro e Baiano do Fórum Social Mundial e pelo Conselho Internacional do Fórum, com os apoios da Abong (Associação Brasileira de ONGs), CTB, CUT, governo do Estado da Bahia e Associação Vida Brasil.

INSCRIÇÕES

As inscrições, gratuitas, podem ser feitas através do envio de email para seminariofsmsalvador@gmail.com, contendo os seguintes dados: nome, gênero, instituição, cargo/profissão; além de email e telefone para contato.


Mais informações: 71 3322-0711 (Vida Brasil)

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Coletivo Baiano do Fórum Social Mundial apresenta as experiências ocorridas na Tunísia

Foi realizado ontem, 2 de junho, o Seminário “Fórum Social Mundial (FSM) 2015: legados e desafios políticos”. O evento, promovido pelas diversas entidades que compõem o Coletivo Baiano/FSM, teve como objetivo apresentar à sociedade as experiências e discussões trazidas pela delegação baiana que participou do FSM na Tunísia, realizado em março.

Coletivo Baiano do Fórum Social Mundial


A mesa de abertura contou com a presença de integrantes do Coletivo, Margarete Carvalho (Unegro) e Eduardo Zanatta (Centro Público de Economia Solidária), além de Mary Cláudia, representando a SERIN (Secretaria de Relações Institucionais) e Aílton Ferreira, representando a Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade). Ambas as secretarias receberam o relatório final de participação do Coletivo no Fórum.

Em seguida, Gilberto Leal (CONEN) e Damien Hazard (Vida Brasil e Abong) apresentaram o histórico do Fórum Social Mundial e debateram o seu sentido na atualidade. De acordo com Damien, o FSM precisa se reinventar, mas continua sendo a maior articulação do movimento social planetário em torno da construção de novos paradigmas de desenvolvimento. Já Gilberto destacou a importância que as discussões do Fórum trazem para influenciar nas atuações locais de cada pessoa e organização.

Mesa de abertura: entrega do relatório de participação no FSM


Na sequência, o Seminário se dividiu em 3 blocos temáticos. O primeiro dele tratou das questões LGBT, Gênero e Mulheres. Margarete Carvalho (Unegro) citou as dificuldades dos homossexuais na Tunísia, cujos direitos estão à margem do processo revolucionário. “Os tunisianos dizem para o segmento que primeiro é preciso fortalecer a democracia, para depois discutir a pauta LGBT”.

Flora Brioschi (UBM/Fetim) destacou as experiências de resistência das mulheres árabes, sobretudo as tunisianas, palestinas e saharauis. “Nas diferentes regiões do planeta, a falta de compreensão sobre a desigualdade de gênero leva à negação do acesso a direitos e gera ainda mais violência contra a população feminina”, pontuou Flora.

Mesa "LGBT, Gênero e Mulheres"


Já Gabriel Teixeira (CEN) provocou a plenária sobre as práticas discriminatórias contra homossexuais dentro do próprio movimento social baiano. Para ele, não adianta participar do FSM e adotar um discurso humanitário, enquanto que nos próprios espaços locais se reproduz formas de preconceito e segregação contra os gays.

Na mesa seguinte, de “Enfrentamento ao racismo”, Sirlene Assis (Unegro), Gilbero Leal (Conen) e Cristiano Lima (Afoxé Bamboxê) comentaram a relevância dessa temática dentro do Fórum, com diversas mesas discutindo essa questão. Para Sirlene, a prática do racismo é universal e com muitas similaridades, seja no Brasil, na Tunísia, na Palestina ou nos Estados Unidos. Diante desse cenário, Cristiano acredita que é necessário universalizar a luta e que o FSM foi um ambiente propício para fazer articulações com entidades de outros países que atuam no enfrentamento ao racismo.

Mesa de Enfrentamento ao Racismo


O último bloco de discussão reuniu uma diversidade temática. João Pereira (CONAM/FABS) debateu sobre a questão de moradia, criticando a falta de políticas públicas que garantam o acesso à cidade e à habitação digna. Representando a Rede de Economia Solidária da Bahia, Ana Suely comparou a realidade do Brasil e Tunísia, ressaltando que nos dois países os governos ainda impõem barreiras para a contratação de empreendimentos de Economia Solidária.

Márcia Pinheiro (Comunidade Tradicional e Pescadora) e Eduardo Zanatta (Centro Público de Economia Solidária) apresentaram algumas temáticas ligadas ao meio ambiente, inclusive o conteúdo da oficina “Água é Vida”, promovida pelo Coletivo Baiano no FSM.

Mesa de Democracias, Participação social e Acessibilidade


Para finalizar as mesas de discussões, Wilson Cruz (Abadef) e Maria Helena (Apalba) deram seus depoimentos sobre as atividades de acessibilidade e direitos das pessoas com deficiência. Maria Helena, única albina a participar do Fórum, destacou que a luta por direitos não é exclusividade de quem tem algum tipo de deficiência e que toda a sociedade é convidada a participar do movimento. Para Wilson, o FSM também foi uma oportunidade de trocar experiências exitosas no Brasil com representantes tunisianos e angolanos que participaram das oficinas de acessibilidade.

As artes e cultura também fizeram parte do seminário, que contou com a intervenção poética de Ametista Nunes (Grupo Tortura Nunca Mais) e uma apresentação musical especial do cantor Kamaphew Tawa (Aspiral do Reggae), que também esteve na Tunísia, fazendo um emocionante show em praça pública.

Show de encerramento com Kamaphew Tawa (Aspiral do Reggae)


Para os participantes do Seminário, a expectativa é que a articulação feita entre o movimento social baiano em torno do Fórum permaneça, impulsionando uma mobilização em torno de diversas pautas que estejam ligadas ao FSM e às demandas locais do Estado e do país.

Quem desejar receber o revista lançada pelo Comitê Nacional do FSM 2015, solicite via email: comunicacaovidabrasil@gmail.com

Confira, também, o álbum de fotos do Seminário, clicando aqui.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Coletivo Baiano promoverá Seminário para apresentar temas discutidos durante o Fórum Social Mundial 2015

Será realizado no dia 02 de junho de 2015, às 13:30 horas, em Salvador, o Seminário “Fórum Social Mundial – Tunísia 2015: Legados e Desafios Políticos”, promovido pelo Coletivo Baiano. A atividade, que irá ocorrer no SINDAE, tem o objetivo de compartilhar com a sociedade as principais discussões ocorridas no Fórum, que esse ano foi realizado na Tunísia e contou com uma delegação baiana composta por 40 representantes, de mais de trinta entidades do movimento social do Estado.


O Coletivo Baiano, mobilizado em torno do Fórum Social Mundial (FSM), participou de diversas atividades proporcionadas durante o encontro, que foi realizado entre 24 e 28 de março, em Túnis, na capital tunisiana. A décima primeira edição do FSM reuniu cerca de 60 mil pessoas de 4 mil organizações de todo o mundo, discutindo novos modelos de desenvolvimento e apresentando as principais pautas de luta dos movimentos sociais de cada país. Para dividir essa experiência com a sociedade, o Coletivo Baiano irá realizar o seminário, onde apresentará alguns destaques do Fórum.

O objetivo do Seminário é informar à sociedade o que foi o FSM 2015 e traçar orientações e perspectivas para a continuidade da dinâmica baiana em torno do Fórum. Está prevista a mesa de debate que apresentará a trajetória do FSM, da participação baiana, da Agenda Pós-2015 e seus desafios. Dividido em cinco blocos, o Coletivo irá discutir algumas temáticas debatidas em Túnis, como: enfrentamento ao racismo; movimento LGBT, de gênero e de mulheres; meio ambiente; acessibilidade; participação social; democracias; juventude; direito à moradia e economia solidária.

Integrantes do Coletivo Baiano e demais participantes, durante atividade no FSM em Túnis 


Para Damien Hazard, coordenador da Associação Vida Brasil, diretor executivo da Abong (Associação Brasileira de ONGs) e membro do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, o Seminário que será promovido “reforçará a transparência e comprometimento do Coletivo Baiano em relação ao processo de participação no Fórum Social, além de possibilitar que as discussões realizadas na Tunísia tenham um desdobramento local, com o objetivo de construir uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática”.

Para Gilberto Leal, membro da CONEN (Coordenação Nacional de Entidades Negras), o sentido do Fórum é “pensar globalmente e agir localmente”. Ele considera que as discussões trazidas da Tunísia podem contribuir para a atuação dos movimentos no Brasil. “O Seminário que o Coletivo Baiano está promovendo será justamente a oportunidade para iniciarmos o debate sobre os próximos passos que as entidades darão, após ter passado pela experiência do Fórum na Tunísia” - pontuou.

Marcha de Abertura do FSM 2015


O Seminário é gratuito e a inscrição será feita a partir do envio de dados (nome, organização, e-mail e telefone) por e-mail - fsm2015coletivobahia@gmail.com - ou via telefone (71) 3321-4688 / 3321-4382.


Programação:
13:30   Exposição de imagens do Fórum Social Mundial 2015
14:00   Mesa de Abertura
14:45   Mesa “Trajetória do FSM; a participação baiana; agenda pós-2015; perspectivas”
15:30  Bloco 1: LGBT, Gênero, Mulheres
           Bloco 2: Enfrentamento ao racismo
           Bloco 3: Moradia e Economia Solidária
      Bloco 4: Práticas e modelos democráticos; acessibilidade; juventude
           Bloco 5: Meio ambiente

18:30   Mesa de Encerramento

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Olhares sobre o FSM: o olhar do Coletivo Baiano/FSM

Desde setembro de 2014, uma mobilização iniciada pela Vida Brasil e CONEN (Coordenação Nacional de Entidades Negras), reuniu diversas organizações do movimento social em torno do projeto para participação no Fórum Social Mundial (FSM) 2015, dando continuidade ao projeto realizado em 2013. A partir de reuniões semanais, na sede da Vida Brasil, foi possível construir as propostas para o projeto, o que resultou na formação do Coletivo Baiano/FSM, composto por mais de 30 entidades. As reuniões sempre foram abertas e divulgadas na página do Coletivo e das organizações integrantes.

Reunião do Coletivo Baiano, em fevereiro de 2015


A partir dessa mobilização, o Coletivo realizou algumas atividades pré-FSM, como o Seminário Internacional “FSM rumo a Túnis” e a oficina preparatória “Água é vida”. Com o apoio do projeto nacional e estadual, foi possível compor uma delegação que reuniu aproximadamente 40 pessoas, representando diversos segmentos do movimento social da Bahia. Para Gilberto Leal, coordenador da CONEN, foi “bastante satisfatório poder construir um trabalho político em conjunto”. Já Damien Hazard, coordenador da Vida Brasil, destacou que a mobilização do Coletivo foi “um exemplo de Economia Solidária e uma lição de horizontalidade no processo de construção coletiva, transparente e democrática”.

Em Túnis, na Tunísia, local onde se realizou o Fórum Social Mundial, o Coletivo e as entidades baianas participantes promoveram diversas atividades e participaram de variadas mesas e assembléias. Além disso, o grupo Aspiral do Reggae, integrante do Coletivo Baiano/FSM, coloriu as ruas de Túnis, apresentando o reggae baiano. Kamaphew Tawa (compositor e cantor do Aspiral do Reggae) e o grupo de rap Nova Saga fizeram um show marcante, que encantou o público tunisiano. Para Jussara Santana, produtora da banda e representante da Associação Cultural Aspiral do Reggae, o FSM também serviu para promover esse intercâmbio cultural que “fez o público de todo o mundo vibrar com essas músicas tão revolucionárias.” Jussara ainda destacou uma citação de Kamaphew Tawa: “Fora Babilônia, eu tenho filosofia”! 

Kamaphew Tawa (centro) e grupo Aspiral do Reggae interagindo com o público tunisiano, após apresentação musical


E para apresentar um pouco dos diferentes olhares do Coletivo Baiano/FSM sobre o Fórum Social Mundial, compartilhamos a avaliação de alguns integrantes:

Cristiano Lima (Grupo Afoxé Bamboxê, filiado à CONEN)

Cristiano Lima (camisa vermelha, ao fundo): "Volto do FSM com a mala cheia de esperança na luta social"

O FSM é um espaço, sem sobra de dúvidas, de articulação do movimento social. Senti falta de grandes nomes da esquerda internacional, da Venezuela, de Cuba, aliás nem vimos cubanos nesse Fórum. Acredito que a esquerda mundial precisa avaliar o peso menor que está dando ao FSM, não podemos deixar que o Fórum se torne um espaço  de articulação  das ONGs. É preciso que as organizações de esquerda, como partidos e governos, voltem a participar com peso.

Duas coisas me chamaram  muito a atenção: a luta da juventude negra norte-americana contra as ações da polícia em matá-la. Não  imaginava que em um país que teve Panteras Negras e Malcolm X, os racistas não ousariam fazer isso, mas a realidade é que essa juventude ainda luta como a nossa, pela vida. A outra coisa foi a luta do povo Saharaui, principalmente das mulheres que lutam por liberdade e contra o domínio de Marrocos. 

As atividades que mais me chamaram atenção, sem dúvidas, foi a da juventude negra norte-americana - "mãos ao alto, não quero morrer!".

A sensação é de como sou pequeno,  apesar do FSM na Tunísia não ter sido o maior, estar fora do seu país é  algo muito bom,  inexplicável.  Queria ainda reafirmar que acredito no FSM como a grande articulação  da esquerda mundial e movimentos sociais contra o capitalismo e a favor de um mundo mais igual. 

Jussara Santana (Associação Cultural Aspiral do Reggae)
Jussara Santana (centro): "Podemos ir muito mais além"

Acreditamos que podemos pensar em um mundo melhor, depende de cada um de nós, pois foi possível ver o mundo emanado pra buscar soluções. A contribuição é de que nós somos responsáveis para fazer um mundo melhor.

As atividades que ocorreram no Fórum, que eu destaco, foram sobre Pan-africanismo, atividades das mulheres e a cultural, porque vivo e milito nessas áreas,

Esse é o quarto Fórum que participo e sempre o que mais me chama atenção é o povo do mundo inteiro num só pensamento e passando experiência para buscar um mundo melhor.


Marcia Cristina Pinheiro (Comunidade Tradicional e Pescadora)
Márcia (centro): "O importante é estarmos ligados no mesmo pensamento e espírito de mudanças e justiças"

O FSM me propiciou novos conhecimentos a respeito de outros povos e situações, a diversidade cultural em um evento e o pensamento de mudança global pelo mundo melhor e mais justo. Além da solidariedade entre o grupo do Coletivo Baiano. Entretanto, houve uma desorganização, principalmente na estrutura do campus da universidade onde acontecia as oficinas e outras atividades, falta de um planejamento ajustável para um evento de tamanho porte. Os voluntários tinham boa vontade de ajudar, mas não possuíam os conhecimentos necessários para solucionar as necessidades dos participantes do FSM.

Mesmo sendo o Fórum em um país cheio de conflitos e riscos, como a Tunísia, a paz e harmonia foi sentido como uma atmosfera diferencial para os que participaram do Fórum. As diversidades dos grupos, cada um com suas crenças, seus costumes, cultura, respeitando e convivendo, sabendo que há espaço e voz para todos.

Uma atividade que destaco foi a oficina "Água é Vida", do Coletivo Baiano. Houve a participação de pessoas da Indonésia, Argélia e Tunísia agregando conhecimentos sobre o tema e fornecendo informações de como funciona o gerenciamento e distribuição dos recurso hídricos em seus países. Destaco, também, a oficina de Acessibilidade, porque tive oportunidade de saber mais sobre as limitações, desejos e necessidades das pessoas especiais, o qual o assunto vem me despertando atenção para aprender e contribuir. 

João Pereira (CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores)
João Pereira: "Foi uma experiência muito importante, porque permite a troca de informações e a criação de laços de solidariedade internacional"

O Fórum contribuiu para o fortalecimento do Movimento Social na região do Magreb, diante do poder político institucional conservador. No entanto, pouco avançamos a cerca dos principais problemas mundiais com os quais os movimentos sociais atuam.
Destaco as trocas de experiências em relação à luta por políticas públicas por habitação de interesse social. Ainda que não exista exemplo governamental de países com política habitacional nesta área existem políticas pontuais na África e na América Latina que podem colaborar com as discussões e estratégias de nossa entidade.

Já a participação do Coletivo/FSM foi atuante e solidária. Participou das atividades de suas organizações e colaborou com as atividades de companheiros de outros segmentos e entidades. Como foi o meu caso que contei com companheiros do Coletivo Baiano na oficina promovida pela Conam. Além de intensa participação nas atividades da Casa Brasil.

E a atividade que mais me agradou foi a Assembléia Mundial dos Habitantes que reuniu os militantes das Associações de Moradia de 4 continentes, saindo com uma agenda comum para a atuação deste segmento no ano de 2015.

Eduardo Zanatta (Centro Público de Economia Solidária)
Eduardo Zanatta: "Temos a missão de multiplicar o que aprendemos"

Um evento desses sempre é positivo, mas também acaba por apresentar seus problemas. Reunir tantas pessoas, de tantos países, com tantas ideias e conhecimento a transmitir é uma coisa fantástica. A cultura local também é um fator importante, apesar do momento político que vive o mundo árabe. O Fórum Social Mundial tem um legado e ainda tem uma missão a cumprir. Agora, como falei, o momento político e de insegurança deu uma esvaziada no evento. É compreensível que algumas pessoas tivessem receio em ir para um país tão próximo de áreas de conflito e ainda mais depois do atentando do Museu do Bardo. Agora, na programação brasileira houve alguns cancelamentos, notadamente de ministros de estado que demonstrou um certo desinteresse do Governo. Sobre a logística geral, a própria organização reconheceu falhas, notadamente na tradução e na segurança, conforme foi notificado pela própria organização.

O FSM é a culminância de todo o trabalho que as organizações e movimentos sociais desenvolvem ao longo do tempo. Este resumo é resultado de esforço contínuo e é apresentado para que se façam reflexões e mesmo para que adotemos modelos eficazes de solução para problemas ou mesmo melhoria de métodos utilizados em nosso cotidiano. Então, a reflexão sobre toda aquela informação que nos foi disponibilizada servirá para mudar ou melhorar minha compreensão do mundo e aplicar na minha atividade laboral de forma consciente. Também pretendo disseminar estas ideias e informações para suscitar o debate e sensibilizar meus pares para os temas relevantes do FSM.

Existem várias ansiedades no ar. No mundo árabe, na crise do capitalismo, no crescimento da direita... Veja, você anda na cidade de Tunis e vários prédios públicos e embaixadas estão cercados de blindados e arame. Isto denota uma preocupação real. Mas também tem a crise do capitalismo que enfraquece as organizações sociais. Um exemplo é que as organizações no Brasil estão sofrendo com a falta de repasse de recursos públicos para a manutenção de seus projetos. E tem também a crise política das esquerdas, notadamente na América Latina, que sofre com o fantasma da direita. Os ânimos estão um tanto estressados com o momento e o FSM foi um termômetro disso.  

Além dos temas de economia solidária, participei de outras relacionadas às mudanças climáticas que muito me interessaram, pois tenho formação como gestor ambiental. Também gostei da reunião de avaliação em que estavam o Eduardo Suplicy, Olívio Dutra e Ivana Bentes. A nossa oficina "Água é Vida!" cumpriu bem sua missão, apesar que a maioria das pessoas eram do nosso coletivo, tivemos algumas presenças interessantes. A Casa Brasil foi um espaço de aglutinação de pessoas, notadamente de brasileiros, e considero que os debates ali realizados foram dos mais importantes do FSM.

Considero que o Coletivo Baiano tem a missão e compromisso de continuar trabalhando para o FSM. Temos que avaliar coletivamente o evento e seus resultados e começar a trabalhar para as próximas edições. Temos que discutir o evento nas nossas organizações e movimentos sociais, discutir no âmbito do coletivo baiano e levar nossa questões para as instâncias estaduais e nacionais, tais como o coletivo brasileiro ou outras instituições envolvidas neste processo. O FSM não é só um momento de reflexão, mas um processo de desenvolvimento coletivo. Temos que nos preparar mais e melhor para as próximas edições.  

Alex Hercog (Vida Brasil)
Alex Hercog (esq.): "Carrego a certeza de que, assim como eu, muitas outras pessoas, do mundo inteiro, também estão dispostas a se dedicar a essa construção de um mundo mais justo, que é utópica, infinita, mas que dá sentido às nossas vidas"


Infelizmente o Fórum apresentou muitos problemas de organização, sobretudo à precária sinalização das salas, falhas na confirmação das atividades, e ausência de intérpretes durante as mesas. O predomínio dos idiomas árabe, inglês e francês também foi uma barreira para se informar sobre as atividades que estavam acontecendo, pois nem mesmo os organizadores dispunham de informantes que falassem ao menos espanhol. E, visto que o Brasil compunha a terceira maior delegação, além do histórico indiscutível na realização de outras edições do FSM, a língua portuguesa deveria ter tido uma atenção maior, seja nos materiais produzidos pela organização, seja nos informes e orientações.

No entanto, a desorganização não impediu que o Fórum se configurasse como um espaço único de intercâmbio de conhecimento, opiniões e lutas, além de viabilizar articulações pessoais e institucionais com organizações e pessoas de diversas partes do mundo.

Sobre o FSM, destaco a pluralidade e diversidade de segmentos e pessoas. As diferentes bandeiras, manifestações culturais e modos de enxergar problemáticas que são comuns em países distintos, mas cuja avaliação e busca por soluções seguem percursos variados. Por exemplo, o combate ao racismo nos Estados Unidos e Tunísia, ou a luta por políticas inclusivas e de acessibilidade em Angola e no Brasil. Questões que são similares entre os países, mas que seguem trajetórias de lutas diferenciadas.

A mobilização em torno do FSM feita pelo Coletivo Baiano foi um belo exemplo para todo o país. Fomos o único estado a batalhar um projeto local, o que resultou na composição da segunda maior delegação, dentro da brasileira. Assim, pode-se dizer que a Bahia invadiu a Tunísia, no melhor sentido da palavra. O resultado pode ser visto na diversidade da delegação baiana, que contemplou diversos segmentos, até na ativa participação durante o FSM, com a realização de diversas atividades e com variadas falas que trouxeram questões que são pauta do movimento social baiano.

Janice Vieira (Rede de Alimentação de Economia Solidária da Bahia)
Janice Vieira (esq.): "Precisamos nos emponderar mais"

A partir da experiência no Fórum, destaco a resistência dos militantes, em todo o mundo, em prol de uma vida melhor. Ainda que a gente tenha que conviver com o descaso dos governantes para apoiar a luta dos movimentos sociais em outros países.

Me chamou a atenção, a fragilidade de outros países em pensar um coletivo maior e pensar em ter um movimento, ao contrário do nosso país.

A sensação é de perceber que os nossos problemas não são isolados, só muda o idioma. Precisamos ir mais para o enfrentamento em prol de uma vida melhor.

Flora Lassance Brioschi (FETIM – Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado da Bahia / CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Flora Brioschi (esq.): "Até hoje estou 'impactada', motivada e alimentada pela esperança de que um outro mundo é possível"

Minha avaliação é no sentido de reforçar a cada dia a nossa participação ativamente em atividades como o FSM, somos a esquerda, a maioria, precisamos estar cada vez mais mobilizados e buscando dar vazão aos debates que ocorrem em nosso país e no mundo inteiro. O Fórum Social Mundial é a maior articulação da luta a nível global nas últimas décadas, precisamos superar as nossas limitações e aprimorarmos nossas qualidades e buscar convergir sempre. A ofensiva conservadora está na ordem do dia e o FSM é uma valorosa trincheira da luta de ideias e renovação das esperanças. 

O FSM tornou-se um evento de grande magnitude e imprescindível para as forças populares de todo o mundo. Nos reunimos nesse processo conjunto de refletir e de como incidir na construção de agendas comuns de enfrentamento. Não foi à toa que as suas duas últimas edições foram realizadas na Tunísia, acredito que por esse motivo aconteceu no país que é exemplo de resistência e está em curso uma luta por democracia e liberdades desde 2010.

O FSM 2015 aconteceu pela segunda vez em um país que atravessou um processo avançado de democratização. De contribuição, trago um legado positivo e resistente de que o povo precisa estar nas ruas, as ruas são nossa morada é preciso ocupá-las. Tive a oportunidade de dialogar com povos que não perdem por um segundo a capacidade de se indignar com as mazelas que os afetam, é preciso sermos incansáveis e pautar tudo o que esta incorreto. É preciso sairmos da zona de conforto urgente. Não importa em que parte do mundo estejamos, não importa a categoria, o movimento ou instituição, os problemas são sempre os mesmos. É necessária a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, deve haver sempre a garantia e conquista de direitos, é preciso haver oportunidade e liberdade para todos. Não podemos mais continuar sendo escravos de um sistema que depende da desigualdade e domínio de poucos sobre muitos.

Das atividades que participei, destaco:

Visita à UGTT - uma central sindical, no momento em que estava acontecendo uma ocupação que já durava nove dias, onde estavam concentrados 23 homens e mulheres tunisianos e tunisinas, em uma greve de fome, todos com diplomas de graduação e alguns até de mestrado e doutorado, mas sem empregos;

Marcha de abertura - Marcada por superlativos, pluralidades, eu imaginava a grandiosidade, mas confesso, fiquei impressionada com a diversidade de pautas/causas que compreendiam desde a liberdade da Palestina, direitos dos povos, mulheres, jovens e muitos outros até a consolidação da democracia na Tunísia.

Assembleia das Mulheres: Centenas de ativistas de articulações feministas internacionais e de entidades locais de mulheres sul-africanas, brasileiras, peruanas, argentinas, argelinas, italianas, portuguesas e saharauis. Representantes da Tunísia, França, Moçambique, Costa do Marfim, México, Marrocos e Palestina discursaram na Assembleia e defenderam a superação do capitalismo e do patriarcado, além da ampliação da solidariedade internacional entre os povos contra o imperialismo.

"A Resistência Pacífica de Mulheres Saharauis":
Atividade organizada por Mulheres saharauis na delegação do Fórum Social Mundial, em colaboração com a Marcha Mundial das Mulheres, as palestrantes foram Mulheres da União Nacional das Mulheres Saharauis (UNMS) compartilhando e pedindo solidariedade na sua luta pela autodeterminação, intervenções que enfatizem especialmente na resistência pacífica nas cidades saharauis ocupados por Marrocos, onde são expostas a graves violações dos direitos humanos e são vítimas de violência.

Assembleia dos Movimemtos Sociais:
Soberana desde a primeira edição, a Assembleia dos Movimentos Sociais elabora sua própria declaração. Foram vários pontos de discussão, mas os centrais expressaram a continuidade da luta contra as transnacionais e o sistema financeiro, convocando uma jornada de ação internacional contra os tratados de livre comercio.

As reuniões de avaliação do Coletivo Baiano/FSM continuam. A primeira ocorreu no dia 14/04 e a próxima está agendada para o dia 24/04, às 16:30h, na sede da Vida Brasil. O projeto de participação no FSM também prevê a realização de um Seminário de Devolutiva, para repassar à sociedade a experiência e o aprendizado decorrente do Fórum. Além disso, o Coletivo pretende manter a mobilização em torno das pautas do Fórum e das demandas locais, fortalecendo o movimento social baiano e atuando em questões prioritárias para a sociedade.

Acompanhem as atividades do Coletivo Baiano/FSM, curtindo nossa fan page.