3 de dezembro: um dia para celebrar os direitos humanos e das pessoas com deficiência
O dia 3 de dezembro foi instituído como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência em outubro de 1992, em assembleia geral da ONU. Encerrava-se a “Década das Nações Unidas das Pessoas com Deficiência”. A Década tinha começado no auge do modelo médico da deficiência, que buscava desenvolver soluções focadas na deficiência da pessoa e priorizava políticas e serviços de saúde, reabilitação, educação e assistência social, em regime de segregação institucional. Mas o período acabou provocando o surgimento pelo mundo de novos atores e principalmente dos movimentos de pessoas com deficiência.
No Brasil, as primeiras organizações, separadas por tipo de deficiência, também apareceram nos anos 80 em diversas cidades do país, a exemplo, em Salvador, da Associação Baiana de Deficientes Físicos (Abadef), do Centro de Surdos da Bahia (Cesba) e da Associação Baiana de Cegos (ABC).
Com o movimento em eclosão pelo mundo, as vozes dessas pessoas passaram a ser ouvidas e a desenhar outros conceitos: vida independente, autonomia, eliminação de barreiras, modelo social da deficiência... O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência apareceu como expressão desses novos valores, com o objetivo de “construir uma sociedade para todos.”
O “3 de dezembro” foi comemorado pela primeira vez em Salvador em 1997. A associação Vida Brasil foi precursora na introdução da temática da acessibilidade na capital baiana ao apresentá-la como uma questão de direitos humanos, em um seminário organizado em parceria com o extinto Comdef (Conselho Municipal de Deficientes). O evento reuniu as principais lideranças de organizações da área da deficiência a quem deu vozes para debater sobre as barreiras existentes e caminhos para vencê-las. Reiterado nos anos seguintes, enriquecido pela realização de pesquisas pioneiras sobre a acessibilidade e pelo intercâmbio com experiências de outras cidades e países, o Seminário de Acessibilidade e Cidadania de Salvador tornou-se um marco na capital baiana, palco da expressão cidadã e democrática das pessoas com deficiência acerca das políticas urbanas e de desenvolvimento. A última edição do seminário de acessibilidade de Salvador foi em 2015.
Ao longo dos seus 22 anos, a Vida Brasil destacou-se pela sua capacidade de articulação com outros movimentos, apontando caminhos para construção de uma sociedade inclusiva e democrática. Nesta década, a experiência sistematizada da organização baiana tem sido levada para outros países, principalmente da África e da América Latina. Aqui e lá, o dia 3 de dezembro é uma oportunidade para ecoar a necessidade de um outro mundo possível, que em muitos aspectos já começou.
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