quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Vida Brasil participa de série de encontros em Angola

Damien Hazard, representando a Vida Brasil, esteve em Angola entre os dias 24/08 e 02/09, participando de uma série de seminários e oficinas com o objetivo de contribuir para a qualificação de organizações de pessoas com deficiência, sobretudo na disseminação de estratégias para garantir a sustentabilidade delas. Participaram dos encontros realizados nas províncias de Benguela, Huambo, Huila e Namibe, diversas organizações angolanas e representantes do poder público.



A história dos movimentos sociais de pessoas com deficiência, no Brasil e em Angola

No seminário de formação foi apresentada, por Damien Hazard, a história dos movimentos brasileiros e angolanos de pessoas com deficiência. Foi destacado que as primeiras organizações que surgiram, no século XIX, adotaram uma política de segregação dessas pessoas. Já na segunda metade do século XX o discurso já foi se modificando, propondo um modelo de inclusão e socialização das pessoas com deficiência. Já nos anos 2000 a luta por acessibilidade e luta por direitos se fortaleceu dentro de espaços participativos, que viabilizaram de forma inédita a articulação dos movimentos de pessoas com deficiência no Brasil.

Já a história do movimento angolano foi apresentada por Ivo de Jesus, representante da LARDEF (Liga de Apoio à Reintegração de Deficientes/Angola). Ele destacou que as primeiras organizações também tinham uma característica assistencialista, algo que a sociedade atual ainda mantém. No entanto, as organizações se desenvolveram, sobretudo associadas à assistência de militares mutilados de guerra, a partir da década de 1970. Com o fim das guerras, elas foram se desenvolvendo, mas ainda atuam de forma desarticulada. Como destaque, foi citada a criação, nos últimos anos, da política nacional e do conselho nacional das pessoas com deficiência.



Experiências brasileiras de sensibilização e mobilização de recursos

Dando continuidade à sua apresentação, Damien deu o exemplo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, para a criação do FUNDEB. Tal ação foi debatida entre os participantes do seminário, destacando as seguintes estratégicas que garantiram o sucesso da Campanha:

1.    Articulação institucional: rede contínua de alianças com diversas organizações e movimentos locais.
2.    Pressão sobre autoridades: ação política sobre os 3 poderes, para elaborar e alterar políticas públicas (reuniões, audiências, atos, pressão virtual).
3.    Mobilização popular: participação de educadores, estudantes, ativistas e demais cidadãos nas ações da Campanha.
4.    Produção de conhecimento: subsídio técnico e político às ações, por meio da realização de pesquisas de opinião, sistematização de informação, produção de cartilhas, livros, etc.
5.    Comunicação: uso de diversas ferramentas (blogs, sites, redes sociais, vídeos, etc.) para divulgação das ações e disseminação de informações estratégicas.
6.    Formação de atores sociais: realização de encontros, seminários, oficinas, diálogos à distância, etc.
7.    Justiciabilidade: a Campanha aciona instrumentos e mecanismos jurídicos para que as leis educacionais sejam cumpridas e, assim, o direito à educação seja garantido.

Outro exemplo apresentado por Damien foi o da campanha “Dê uma mão pro Buscapé”, desenvolvida pela Vida Brasil para mobilizar recursos para o desfile do Bloco Buscapé. Em seguida, os participantes do encontro definiram um plano de mobilização de recursos para organizações angolanas de pessoas com deficiência. A oficina levantou as potenciais fontes de recurso, as estratégias e as contrapartidas necessárias para as campanhas de mobilização.



Avaliação

As organizações angolanas que participaram dos encontros destacaram as contribuições das informações e experiências trazidas pela Vida Brasil e LARDEF, sobretudo no que se refere à criação e implementação de projetos.

Também foi destacada a necessidade de ampliar o diálogo com o governo, para assegurar a participação de pessoas com deficiência na criação de leis, políticas e programas, inclusive para garantir que o governo crie mecanismos para regulamentação de toda a legislação referente às pessoas com deficiência, sobretudo a Lei de Base. Foi sugerido, também, o encaminhamento para que o Estado angolano crie o Dia Nacional das Pessoas com Deficiência.


Além dos representantes da Vida Brasil e LARDEF, também participaram dos encontros as seguintes organizações: AAIMcD, APDV, ANDA, AMMIGA, ACAIDA, ACPJS, Centro Elavoco, ADAH e ARSCAA.

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