12 de Outubro: dia para os adultos lembrarem de sempre lutar pela garantia dos direitos das crianças.
ECA
- Em
Julho desse ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 23 anos
de criação. Ele se tornou um dispositivo legal e inovador em todo o mundo - seu
objetivo é garantir aos menores de 18 anos seus direitos fundamentais. Direito
à educação, à vida digna, à proteção, ao lazer e à convivência familiar são
alguns dos elementos contidos no ECA.
O Estatuto também coloca o
Brasil em posição de destaque entre os demais países do mundo, por ser
considerado um dos instrumentos mais avançadas na defesa dos direitos das
crianças e adolescentes. Entretanto, muito do que está previsto no ECA não é
cumprido, como por exemplo o direito à educação pública de qualidade e próximo
à residência, que não alcança nem metade dos jovens brasileiros. Outro problema
é o alto índice de trabalho infantil.
A redução do trabalho
infantil tem alcançado dados positivos. De acordo com o IBGE, de 2011 para 2012
houve uma diminuição de 21%. No entanto, o número de crianças entre 5 e 13 anos
que ainda trabalham é de 554 mil. Um índice ainda elevado, que está diretamente
associado aos índices de analfabetismo e pobreza.
Maioridade
Penal – Um tema que é recorrentemente pautado na sociedade é
a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Além de ser
inconstitucional, por se tratar de um direito individual que não pode ser
abolido através de emenda, a proposta representa um retrocesso social.
A Vida Brasil é contra à redução da maioridade penal.
Não concordamos que o
Estado, que tem sido incapaz de superar a desigualdade econômica e social,
garantir indiscriminadamente acesso à saúde e educação de qualidade, tenha
legitimidade para aprovar a redução.
Não consideramos que o
atual sistema carcerário brasileiro seja capaz de reeducar e reintegrar o
detento à sociedade. Ao contrário, os presídios acabam servindo de “escola do
crime”, onde as principais vítimas seriam justamente os jovens que ainda estão
em fase de formação.
Não confiamos na plena
garantia de direitos de parte do sistema Judiciário, que se revela elitista,
onde quem não tem condições de pagar bons advogados são prejudicados, muitas
vezes presos sem ter passado por julgamentos e recursos que a Legislação
garante. Dessa forma, os mais afetados seriam os jovens da periferia,
alimentando o “genocídio da população negra” das cidades.
Aceitamos a versão
científica de psicólogos, educadores, neurocientistas, dentre outros, que
afirmam que um jovem de 16 anos ainda está em uma fase fundamental de
desenvolvimento intelectual, cognitivo, corporal, psicossexual e de construção
da identidade. Encarcerar um jovem dessa idade com adultos de 30, 40, 50 anos,
só traria prejuízos à formação desse indivíduo e em nada contribuiria para a
sociedade.
Somos contra a impunidade. Defendemos que todos os indivíduos que cometem crimes devem ser punidos. No caso dos menores de 18 anos, a punição deve atender os preceitos legais, que inclusive preveem a reclusão. Mas que o caráter da punição tenha o perfil sócio-educativo, com o objetivo de reeducar o jovem para que, ao ser reintegrado à sociedade, ele não venha a cometer novos crimes.
Não acreditamos que a
redução da maioridade penal solucione os problemas de violência no país. Adolescentes
menores de 18 anos continuarão sendo usados como “bode expiatórios” para
cometer crimes, além do que os dados apontam que os jovens têm uma parcela
muito pequena nos registros criminais do Brasil. Portanto, não são o foco do
problema.
A Vida Brasil defende e trabalha para que crianças e adolescentes
tenham acesso a uma educação inclusiva, que discuta os principais problemas da
sociedade e forme indivíduos autônomos, capazes de lutar pelos seus direitos e
refletir sobre seus deveres, necessários para a construção de uma sociedade
mais digna e igualitária. O Projeto Buscapé é o que melhor traduz essa nossa
busca.
Por isso desejamos a todas
as crianças um ótimo 12 de Outubro, com muita brincadeira e diversão. E, para
os adultos, a consciência da responsabilidade que temos para a formação e
garantia de direitos das crianças de hoje e das que virão.
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