Homenagem da Vida Brasil ao grande líder bissau-guineense Aideler Spencer Gomes, do movimento de defesa dos direitos das pessoas com deficiência da Guiné Bissau.
Neste mês em que se comemora o dia internacional das pessoas com deficiência e o dia universal dos direitos humanos, a VIDA BRASIL homenageia Spencer Aideler Gomes, liderança do movimento das pessoas com deficiência da Guiné Bissau. No domingo 6 de novembro, há um mês atrás, a Vida Brasil perdeu um grande companheiro, uma pessoa iluminada, que estava alimentando as relações internacionais da nossa organização com o movimento em prol dos direitos humanos das pessoas com deficiência no continente africano.
Aideler Spencer Gomes era uma das principais lideranças do movimento das pessoas com deficiência na Guiné Bissau. Carismático, cantor, dotado de uma voz de locutor de rádio (o que também era), homem apaixonado pela vida e pela construção de um mundo mais justo e inclusivo, Spencer deixou o nosso mundo prematuramente, ainda jovem demais, sem que seus companheiros e companheiras de luta, sem que sua família, ou mesmo seus amigos e parceiros, tal como a Vida Brasil, pudessem entender naquele momento o ocorrido.
Nos últimos anos, Spencer foi uma das figuras marcantes da Federação das Associações de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Guiné Bissau. Ele acompanhou Damien Hazard, da Vida Brasil, ao encontro dos mais diversos atores do país africano, tanto em Bissau (capital) quanto em diversas regiões do interior. Dessa colaboração, iniciativa da organização de solidariedade internacional Handicap Internacional, surgiram dois projetos, hoje em curso: um voltado para promoção da educação inclusiva no setor autônomo de Bissau, e outro de fortalecimento do movimento das pessoas com deficiência na Guiné Bissau. Dessa relação, nasceu ainda uma profunda e sincera amizade.
A Vida Brasil quer homenagear esse grande líder e amigo e soma-se às inúmeras pessoas e organizações que lamentam sua partida. Envia sua solidariedade e seus pensamentos fraternos para família, sua esposa, seus dois filhos e sua mãe, assim como para as equipes das organizações FADPD/GB e da Handicap International na Guiné Bissau. Sua vida na terra não foi em vão. O seu legado continua bem vivo, seus ideais disseminados pela Guiné Bissau, pelo oeste africano e pelo mundo.
Obrigado, Aideler Spencer Gomes, por ter nos dado a oportunidade de caminhar ao seu lado: foi e continua sendo um imenso aprendizado. Obrigado e Adeus.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Semana pela Democratização da Comunicação foi realizada na Bahia
No mês de outubro, diversos
municípios baianos promoveram atividades para comemorar a Semana Nacional pela
Democratização da Comunicação. A partir de uma articulação realizada pelo CBCom
– Coletivo Baiano pelo Direito à Comunicação, com apoio da CESE (Coordenadoria
Ecumênica de Serviço), foram firmadas parcerias com organizações, escolas,
professores e estudantes universitários, que contribuíram para a realização de
oficinas, seminários e rodas de diálogo. O IRDEB também apoiou a Semana,
divulgando a programação na Rádio Educadora e pautando o debate nos programas
da TV Educativa.
O evento, realizado anualmente em
diversos estados, tem o objetivo de pautar a sociedade para o debate em torno
do direito à comunicação. De acordo com Alex Hercog, membro do Intervozes e da
Vida Brasil, que também compõem o CBCom, a atual conjuntura política do país
demanda um aprofundamento nas discussões sobre a comunicação. De acordo com Alex,
“esse cenário torna ainda mais relevante discutir as formas para tornar a nossa
mídia democrática, sem oligopólio, com uma legislação moderna, uma regulação
econômica e fomentando o fortalecimento da comunicação pública e das mídias alternativas”.
Para
Ana Flávia, da CIPÓ, a Semana pela Democratização da Comunicação foi importante
por pautar um debate pouco discutido pela sociedade. “Acho que a maior
importância da Semana foi levar o tema ao conhecimento da população, nos
espaços mais diversos”, afirmou Flávia. Para ela, esse ano houve um interesse
maior pelo assunto, por se relacionar com questões presentes no atual momento
político do país.
Salvador
Na
capital baiana, foram realizados três seminários. Em parceria com a Faculdade
de Educação da UFBA e integrando o projeto “Polêmicas Contemporâneas”, foi
debatido os meios de comunicação
na América do Sul, com a presença de Alex Hercog (CBCom), Flávio Gonçalves
(diretor do IRDEB) e da professora Gil Moreira (UNEB/Seabra). Para o professor
Nelson Pretto, a universidade pública “tem a obrigação de se debruçar sobre o
tema da comunicação, que é um dos mais importantes do contemporâneo, em função
do que ele representa para a formação da cidadania”.
Na Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), a ciberativista argentina Florencia Goldsman discutiu o Marco Civil da
Internet no Brasil, a democratização da comunicação, ciberativismo e militância
digital. Segundo Adriele do Carmo (Coletivo Novos Baianos/UNEB), “em tempos de
recessão e desgoverno, debater mídia livre é encontrar formas de nadar contra a
corrente”.
Já na Unifacs, foi debatido a relação
entre o direito à comunicação e as novas tecnologias, com a participação do
professor Márcio Ricardo, Dominique Azevedo (Coletivo Cacos), Talyta Singer
(professora/UFRB) e do jornalista Thiago Ferreira (CBCom). Para Thiago
Ferreira, que trouxe a experiência da Mídia Ninja e Jornalistas Livres, a
importância dessas novas tecnologias e mídias digitais alternativas
contribuíram para revelar “a democracia como lugar de dissenso”.
Além dos seminários, o CBCom também
promoveu atividades em escolas públicas. Na escola Luiza Mahin foi realizada uma
oficina de audiovisual com crianças, ministrada por Emilae Sena
(Renajoc/Agência de Comunicação do Subúrbio) que classificou como motivadora a
atividade – “é instigante ver como as crianças estão conectadas com a
comunicação e com vontade de produzir conteúdo”, afirmou Emilae. Já no colégio
Polivalente, localizado no Nordeste de Amaralina, Bruna Hercog (CBCom) e Naiara
Leite (Instituto Odara/CBCom) realizaram oficinas de fanzine com jovens
estudantes.
Ocupações em Santo Amaro e Vitória da Conquista
Com a UFRB de Santo Amaro e a UESB de
Vitória da Conquista ocupadas por estudantes contrários à PEC 241, as
atividades ocorreram nas próprias ocupações. Em Santo Amaro, uma atividade
cultural contou com discussões sobre a narrativa que o governo tem usado a
partir de campanhas nos meios de comunicação para defender a PEC 241. Laís
Macedo, do CBCom, aproveitou o ato e deu uma palinha musical.
Já em Vitória da Conquista, Alex
Hercog (CBCom) discutiu o direito à comunicação, destacando o processo
histórico que resultou no atual sistema midiático do país. Alex também
aproveitou para dar sugestões de como a ocupação deveria se relacionar com a
mídia tradicional e alternativa da cidade, além de destacar o papel estratégico
que a comunicação terá para o sucesso das ocupações.
Alagoinhas, Coité e Feira de Santana
No município de Alagoinhas aconteceu
uma oficina de audiovisual ministrada por Emilae Sena e Everton Nova (Mbot/CBCom),
que destacou que muitos dos participantes nunca tinham discutido o papel da
mídia e o direito à comunicação.
Já em Conceição do Coité, ocorreu o
II Seminário de Radiodifusão Educativa, além de aulas públicas que discutiram
questões como comunicação e democracia, promovidas pelo professor Moisés dos
Santos Viana. De acordo com Moisés, as atividades trouxeram elementos “de uma
crítica ao entendimento da comunicação enquanto mercadoria, produção de
informação e outros bens simbólicos para adesão e adequação às ideologias
capitalistas, à visão de mundo e imagem da realidade”.
Em Feira de Santana, aconteceu o
seminário “Como você se vê na mídia? Um debate sobre a democratização da
Comunicação”, numa parceria do CBCom com o Levante Popular da Juventude e
estudantes da Faculdade Anísio Teixeira. O evento, que contou com um público de
mais de 100 pessoas, teve a participação do radialista Gerinaldo Costa, da
estudante Lorena Carneiro (Levante Popular), do jornalista Roberto Paim, de
Alex Hercog (Intervozes/CBCom) e de Morgana Damásio (Revista Afirmativa), com a
mediação da professora Daniela Ribeiro. O debate discutiu, além da
representatividade na mídia, as ferramentas para se democratizar os meios de
comunicação.
Construção Coletiva
Mais uma vez a Semana pela
Democratização da Comunicação foi realizada a partir da articulação e parceria do
CBCom com diversas entidades. Ajudaram a construir as atividades da Semana: Agência
de Comunicação do Subúrbio, CESE, Cipó, Coletivo Novos Baianos, Coletivo Tela
Preta, Faced/UFBA, Faculdade Anísio Teixeira, Instituto Mídia Étnica, Instituto
Odara, Intervozes, Levante Popular da Juventude, MBot, OcupaUFRB, OcupaUESB, Renajoc,
Revista Afirmativa, Revista Gambiarra, UNEB, UNIFACS e Vida Brasil.
Mais detalhes sobre tudo o que
aconteceu durante a Semana, basta acessar: www.facebook.com/cbcom2015 e
www.cbcom3.blogspot.com.br
Link para o TVE Debate sobre a Democratização da Comunicação, clique aqui.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
SEMINÁRIO: Expressões e Impressões do Fórum Social Mundial 2016
O Seminário "Expressões e Impressões do Fórum Social Mundial 2016" será realizado no próximo 18 de outubro, das 14 às 18 horas no auditório da Escola de Administração da UFBA. Este seminário pretende não só retratar o que foi o FSM 2016, mas também contribuir para uma reflexão sobre os processos de convergência dos movimentos sociais em prol de uma agenda comum, um assunto bastante relevante na atual conjuntura brasileira, baiana e planetária.
O que é o Fórum Social Mundial?
“Um
outro mundo é possível!” É com esse lema que o Fórum Social Mundial (FSM)
tornou-se conhecido. Surgido em Porto Alegre em 2001 por iniciativa de
organizações da sociedade civil brasileira e planetária, o FSM desafiou o Fórum
Econômico de Davos, rebateu o discurso vigente do pensamento único neoliberal e
denunciou os efeitos perversos da globalização econômica e financeira.
O
evento mundial foi reiterado na capital gaúcha em três edições, foi para Índia,
Quênia e voltou ao Brasil em 2009, em Belém. Nesta década, as edições mundiais
do FSM ocorreram principalmente em cidades africanas: Dacar (Senegal) em 2011 e
Túnis, capital da Tunísia e berço da primavera árabe, em 2013 e 2015. Na última
edição, em agosto passado, a voz dos movimentos sociais foi levada de forma
inédita em um país do “Norte”, no Canadá, no coração do capitalismo
norteamericano.
Paralelamente à edição mundial, fóruns sociais locais, regionais e temáticos multiplicaram-se pelo mundo, estreitando cada vez mais a relação entre o local e o global.
O
FSM virou o símbolo da busca por um outro modelo de desenvolvimento para o
planeta, socialmente justo e ambientalmente sustentável. Soube reanimar a chama
da utopia no imaginário coletivo planetário. Não só militantes mas também
muitos governantes que acessaram o poder pelas urnas, como na América Latina,
reconhecem-se como “filhos e filhas do FSM”.
FSM 2016 em Montreal: o
primeiro FSM no Norte
A
última edição mundial foi realizada de forma inédita em um país do hemisfério
Norte, em Montreal (Canadá), de 9 a 14 de agosto. A província de Québec, onde fica Montreal, destaca-se como
um importante território de resistência ao neoliberalismo e de construção de
alternativas coletivas ao sistema dominante na região. A população canadense
derrubou no ano passado o governo conservador que, durante 10 anos, conduziu
uma política econômica ultraliberal baseada em um extrativismo predatório e um
forte conservadorismo social. A luta contra as areias betuminosas e oleodutos
no Canadá, a mobilização dos povos indígenas pelos seus direitos, a força dos
movimentos sociais, sindicais e ambientalistas, têm contribuído para essa
mudança política e motivaram a escolha de Montreal para realização do FSM 2016.
“Um
outro mundo é necessário. Juntas/os, torna-se possível” foi o lema do FSM
2016. Organizado por um comitê local formado principalmente por jovens, o evento
inovou em muitos aspectos, mas também enfrentou grandes dificuldades, começando
pela negação de vistos para mais de 500 ativistas, principalmente de países
africanos, do Oriente Médio, da Ásia e da América Latina, incluindo o Brasil.
Que
balanço pode ser feito, quais foram os avanços e os desafios do FSM 2016? São
alguns dos questionamentos que vão orientar a 1ª mesa do seminário.
O FSM: mais do que um
evento, um processo
O
FSM, na sua caminhada de 15 anos, envolveu movimentos e países tão diversos que
a sua edição mundial tornou-se o maior encontro da sociedade civil planetária. Por
isso, para além do evento, o FSM é um processo de mobilização, articulação e construção.
O
FSM já teve muitas contribuições: pautou na agenda mundial o aumento das
desigualdades decorrentes da financeirização da economia e valorizou outros
paradigmas de desenvolvimento, a exemplo do “bem viver” defendido pelas
populações indígenas andinas e amazônicas em contraponto ao “viver melhor” da
ideologia capitalista; ou de outras formas de economia, da economia solidária à
economia do cuidado dos movimentos feministas. Aprofundou o sentido da
participação da sociedade civil, estimulou a criação e o funcionamento de
múltiplas articulações nacionais e internacionais e inspirou a implementação de
diversas políticas públicas.
A
questão hoje é saber se o FSM é capaz de traçar uma estratégia articulada de
superação do capitalismo e trazer respostas viáveis à crise civilizatória pela
qual passa a humanidade. O capitalismo entrou em crise de múltiplas dimensões nos
últimos anos e busca formas de se reinventar. Nesse contexto, como articular as
lutas e ações específicas e localizadas com uma luta mais global? Quais as
possibilidades de convergências das atuações da sociedade civil organizada, no
Brasil como no mundo? Qual é o papel que um espaço como o FSM pode cumprir? Que
mudanças, notadamente de cultura política, devem ser trazidas no processo do
FSM? Essas questões serão aprofundadas na 2ª mesa do seminário.
A Bahia e o Brasil no FSM
As
organizações e movimentos sociais brasileiros possuem uma responsabilidade
histórica no processo do FSM. Na Bahia, e mais especificamente em Salvador, diversos
eventos relacionados com o FSM foram organizados na última década, tais como o
1º Fórum Social Baiano em 2004, o 2º Fórum Social Nordestino em 2007 ou ainda um
Fórum Social Mundial Temático em 2010. No final da década anterior, ocorreu uma
certa desmobilização, como consequência do distanciamento da edição mundial do
evento e da falta de informações, mas também da descrença sobre a capacidade
das instâncias de facilitação do processo FSM de reinventar-se na atual
conjuntura.
Desde
2013, um coletivo baiano foi novamente formado, composto hoje por mais de 30
organizações e movimentos sociais. A sua participação no processo do FSM,
incluindo nas 3 últimas edições mundiais do evento, foi intensa, resultando no
fortalecimento das relações internacionais em diversas áreas: enfrentamento ao
racismo, participação e democracia, direitos das mulheres, das pessoas com
deficiência, democratização da comunicação, meio ambiente, direito à cidade, entre
outros. Diversos seminários nacionais e internacionais foram realizados nos 3
últimos anos em Salvador, a exemplo de um encontro, em outubro 2015, que contou
com a presença do Conselho Internacional do FSM.
A
ruptura na conjuntura brasileira, com o retrocesso democrático e a crônica
anunciada de uma deterioração dos direitos humanos e de um aumento das
desigualdades, coloca novos desafios para os movimentos sociais brasileiros. Com
um futuro do Brasil tão incerto, quais estratégias de enfrentamento podem ser
delineadas? Como o processo do FSM pode contribuir? Essas questões devem
permear a 3ª e última mesa do seminário.
PROGRAMAÇÃO
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
AWID – Futuros feministas: a Vida Brasil está presente
Ocorreu em Costa de Sauipe, no litoral norte de Salvador, na Bahia, nos últimos dias 8 a 11 de setembro o encontro da organização feminista AWID, uma articulação internacional criada há 30 anos que reúne mais de 5.000 organizações e movimentos feministas no mundo inteiro. Como afirmou a coordenação da AWID, o encontro, que reuniu 1.850 pessoas (a imensa maioria de mulheres) de 120 países, ofereceu “um espaço para responder à necessidade urgente de reorganizarmos, não somente como feministas e ativistas pelos direitos das mulheres, mas também com aliadas/os de outros movimentos sociais que se juntaram a nós aqui para desvendar novos caminhos, ou construir a partir das experiências existentes, visando a incrementar nosso poder coletivo de co-criar futuros feministas.”
A Vida Brasil estava presente no evento, representada por Islândia Costa e Damien Hazard. Junto com a Oficina de Educação em Gênero do ICAE (Conselho Internacional de Educação de Adultos) e REPEM - Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e do Caribe, organizou uma oficina sobre o tema da Descolonização da Solidariedade. Damien Hazard integrou o grupo de facilitação, ao lado de Maria Cecília Fernandes (Uruguai), Shirley Walters (África do Sul) e Fanny Gomes (Colômbia). Cerca de 60 mulheres de diversos países participaram. A oficina foi traduzida em 3 línguas: português, espanhol e inglês.
Falamos de solidariedade, já com o preliminar repúdio ao governo golpista no Brasil, e logo depois expressando, escrevendo e descrevendo a palavra Solidariedade nas línguas nativas das pessoas presentes. Cerca de 40 palavras saíram.
As relações de solidariedade não são isentas de dimensões colonialistas, de dominação, como mostra por exemplo em muitos aspectos a cooperação internacional para o desenvolvimento na relação entre atores do Norte e do Sul do planeta. Essa colonização também pode ser observada nas relações entre atores em um mesmo território, por exemplo entre ONGs e movimento popular. Descolonizar a solidariedade nesse sentido significa combater as dimensões capitalistas, sexistas, racistas e excludentes das relações.
Experiências e iniciativas para descolonizar a solidariedade foram apresentadas, a exemplo da formação em equidade, que qualificou 5.000 jovens em Salvador sobre cidadania e valorização da diversidade humana, com enfoque nas diferenças étnico-raciais, de gênero, orientação afetivo-sexual e deficiência. A formação, desenvolvida através da parceria estabelecida entre Vida Brasil, ICEAFRO e Instituto Steve Biko, era parte do Consórcio da Juventude, um programa do governo federal para o primeiro emprego desenvolvido em Salvador por uma rede de 20 organizações, na década passada.
A oficina foi encerrada com uma música construída e tocada coletivamente, com instrumentos de percussão e de sopro do Brasil e de outros países, como expressão de uma solidariedade anticolonialista, anticapitalista, antisexista, antiracista e includente.
Confiram o álbum de fotografia.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
Nota da Vida Brasil: OS MOVIMENTOS SOCIAIS E A LUTA POR DEMOCRACIA NO BRASIL / Communiqué de Vida Brasil: LES MOUVEMENTS SOCIAUX ET LA LUTTE POUR LA DEMOCRATIE AU BRESIL
PT
Brasil : a
democracia de luto
O impeachment de Dilma Roussef da presidência da República do
Brasil representa, para maioria dos movimentos sociais e das organizações da
sociedade civil do país, uma ferida profunda para o regime democrático, em
vigor desde 1985: um verdadeiro golpe, denunciado incansavelmente no mundo
inteiro pelos mais diversos atores. « Fora
Temer ! » tornou-se o slogan mais pronunciado no Brasil e já
utrapassou as fronteiras.
Diferentemente das ditaduras surgidas nos anos 60 et 70 na
América Latina, trata-se de uma nova geração de golpes, que nascem de uma aliança entre as forças conservadoras dos
poderes legislativos e judiciários, as elites econômicas e financeiras e a
grande mídia comercial. Com base em mecanismos constitucionais, o processo foi « forjado »
para presidenta em exercício, que foi acusada de crime de responsabilidade por
pedaladas fiscais nas contas do Estado, foi julgada e finalmente destituída pelo
Senado, no dia 31 de agosto passado, sem que nenhum crime tenha sido
comprovado. Como argumentos, seus acusadores – muitos envolvidos em casos de
corrupção – invocaram o « conjunto da obra » de Dilma, a
responsabilidade da crise econômica e política, ou ainda, como na declaração
final da advogada da acusação, a mão de Deus como principal instigador deste
processo de impeachment.
O governo Dilma, dificilmente reeleito em 2014, foi impopular
e não respondeu (ou pouco) às expectativas dos movimentos sociais. Múltiplas
organizações da sociedade civil foram muito críticas sobre certas políticas
implementadas, como nos casos da demarcação das terras indígenas, da reforma
agrária ou da política ambiental, entre outros. Essas mesmas organizações, no
entanto, opõem-se a esta ruptura política, que coloca no poder um governo não eleito pelas urnas e com um
projeto neoliberal que a maior parte das brasileiras não quer : as medidas
de austeridade que estão se desenhando para enfrentar a crise, ameaçam
diretamente as recentes conquistas sociais, notadamente na área do trabalho, da
educação, da saúde e da moradia. Para população, é a crônica anunciada de uma
deterioração dos direitos humanos e de um aumento das desigualdades.
Depois de Honduras em 2009, e do Paraguai em 2012, o caso do
Brasil é emblemático: o Partido dos Trabalhadores, no poder há 13 anos, simbolizava
uma certa renovação da esquerda no continente, com seus avanços e suas
ambiguidades. Mas inclinou-se frente às forças conservadoras. Este triste
episódio no maior país da América Latina, poderia levar a situações similares
na região. Mas principalmente, questiona os movimentos progressistas e de forma
geral as esquerdas do mundo inteiro sobre suas capacidades a enfrentar as
terríveis ameaças que pesam sobre os sistemas democráticos. Diante de um
contexto planetário de crise generalizada de múltiplas dimensões (ambiental,
econômica e financeira, política, social, alimentar, energética...), o
capitalismo encontra meios para reinventar-se, em troca de uma restrição das
liberdades individuais e da criminalização das organizações da sociedade civil.
No Brasil, a repressão dos/das contestadores/as já começou.
Por isso, as organizações brasileiras do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, realizado de 9 a 14 de agosto deste ano em Montreal, lançaram nesta ocasião uma moção: convidam a sociedade do mundo inteiro a manifestarem sua solidariedade, a se mobilizarem para resistir e a pedirem para as autoridades dos seus países, para não reconhecer governos ilegítimos na América Latina.
FR
Brésil : la démocratie en deuil
La destitution de
Dilma Roussef de la présidence de la République du Brésil représente, pour la
grande majorité des mouvements sociaux et des organisations de la société
civile de ce pays, une profonde atteinte au régime démocratique en place depuis
1985 : un véritable coup d´Etat, dénoncé inlassablement au cours des
derniers mois dans le monde entier par les plus divers acteurs. « Fora Temer ! » (Dehors Temer,
du nom du nouveau président) est devenu le slogan le plus prononcé au Brésil et
a largement dépassé les frontières.
A la différence des
dictatures surgies dans les années 60 et 70 en Amérique Latine, il s´agit là
d´une nouvelle génération de coups d´Etat, qui naissent d´une alliance entre
les forces conservatrices des pouvoirs législatif et judiciaire, les élites
économiques et financières et les grands médias commerciaux. Sur la base de
mécanismes constitutionnels, un procès a été "forgé" pour la
présidente en exercice, qui a été accusée de crime de responsabilité dans le
maquillage des comptes de l´État, jugée et finalement destituée par le Sénat,
le 31 août dernier, sans que pour autant aucun crime n´ait pu être prouvé. Comme
arguments, ses accusateurs - dont beaucoup sont impliquésdans des affaires de corruption - ont
invoqué la prise en compte de « l´ensemble de l´œuvre » de Dilma, la
responsabilité de la crise économique et politique, ou encore, comme lors de la
déclaration finale de l´avocate d´accusation, la main de Dieu comme principal
instigateur de ce procès de destitution.
Le gouvernement
Dilma, difficilement reélu en 2014, a été impopulaire et n´a pas ou peu répondu
aux attentes des mouvements sociaux. De très nombreuses organisations de la
société civile ont été très critiques sur certaines politiques mises en œuvre,
comme dans le cas de la démarcation des terres indigènes, de la réforme agraire
ou de la politique environnementale, pour n´en citer que quelques-unes. Ces
mêmes organisations s´opposent cependant à ce renversement politiquequi place
au pouvoir un gouvernement non élu par les urnes et avec un projet néolibéral
dont la majeure partie des Brésiliens et des Brésiliennes ne veut pas :
les mesures d´austérité qui se dessinent pour faire face à la crise remettent
directement en question les récentes conquêtes sociales, notamment dans le
domaine du travail, de l´éducation, de la santé et du logement. Pour la
population, c´est la chronique annoncée d´une détérioration des droits humains
et d´une augmentation des inégalités.
Après le Honduras
en 2009, et le Paraguay en 2012, le cas du Brésil est emblématique : le
Parti des Travailleurs, au pouvoir depuis 13 ans, symbolisait le renouvellement
de la gauche sur le continent, avec ses
avancées et ses ambigüités.Mais il a désormais succombé face aux forces
conservatrices. Ce triste épisode dans le plus grand pays d´Amérique Latine
pourrait entraîner des situations similaires dans la région. Mais surtout, il
interroge les mouvements progressistes et de façon générale les gauches du
monde entier sur leurs capacités à affronter les terribles menaces qui pèsent
sur les systèmes démocratiques. Face à un contexte planétaire de crise
généraliséeaux multiples dimensions (environnementale, économique et
financière, politique, sociale, alimentaire, énergétique...), le capitalisme
trouve les moyens de se réinventer, au prix d´une restriction des libertés
individuelles et de la criminalisation des organisations de la société civile. Au
Brésil, la répression des contestaires du coup d´état a déjà commencé.
C´est pourquoi les organisations brésiliennes membres du Conseil International du Forum Social Mondial, réalisé du 9 au 14 août à Montréal, ont lancé à cette occasion une motion : ils invitent la société civile dans le monde entier à manifester sa solidarité, à se mobiliser pour résister et à demander aux autorités de leurs pays de ne pas reconnaître les gouvernements illégitimes en Amérique Latine.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
26 anos de ECA!
Nessa semana, se
comemorou 26 anos da criação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Um
importante instrumento para garantir os direitos fundamentais de crianças (até
12 anos) e adolescentes (12 a 18). A Vida Brasil se orgulha de sempre ter defendido
a implementação do ECA e colaborado para isso, sobretudo na execução do projeto
Buscapé, que desde 1996 desenvolve atividades com crianças e adolescentes,
voltadas para a formação humana e compreensão de seus direitos e deveres.
Infelizmente, o
Brasil vive um momento de avanço das pautas conservadoras, que põem em risco
diversos direitos assegurados pelo ECA. Um deles é o direito à vida. Tem sido
cada vez mais comuns os assassinatos de crianças e adolescentes, inclusive
pelas mãos do próprio Estado, através de suas forças policiais. Também
presenciamos a introdução, cada vez mais precoce, de meninos e meninas na
criminalidade, se tornando alvos de assédio de traficantes e enxergados como
inimigos pelos governos.
Esse contexto
tem permitido que, desde o ano passado, os deputados tentem avançar o projeto
de redução da maioridade penal, capitaneados pelo ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha, cujo histórico político e de caráter dispensam apresentações.
Mais uma vez presenciamos um discurso moralista e oportunista que visa
encarcerar jovens – em sua maioria, negros e pobres – em vez de buscar
alternativas para garantir educação e mais oportunidades para essas crianças e
adolescentes. Ou seja, se busca exclui-los da sociedade, ao invés de aplicar o
que determina o ECA.
Por isso,
novamente, a Vida Brasil se posiciona contrária à redução da maioridade penal e
seguirá lutando para que os artigos previstos no Estatuto sejam garantidos.
Comemoramos os 26 anos do ECA, conscientes da responsabilidade de seguir lutando
para que nossas crianças e adolescentes tenham seus direitos respeitados.
segunda-feira, 4 de julho de 2016
A volta para Guiné Bissau
A volta para Guiné Bissau, nesse mês de maio e início de junho, é um orgulho para a Vida Brasil, no ano em que comemora os seus 20 anos de existência. A atuação da organização brasileira para além das fronteias nacionais vem se consolidando, contribuindo para construção de uma sociedade planetária democrática, inclusiva e sustentável.
A associação Vida Brasil iniciou suas atividades de consultoria no âmbito internacional em 2004, quando os arquitetos Islândia Costa e Heron Cordeiro, do programa de Acessibilidade e políticas públicas, foram qualificar e orientar diversos atores locais em um projeto de promoção da acessibilidade na cidade de Estelí, na Nicarágua. A partir daí, a organização brasileira começou uma longa caminhada em diversos países, principalmente africanos, onde estreitou as relações com os movimentos sociais e contribuiu para assessorar e fortalecer projetos e práticas de organizações de desenvolvimento e de promoção dos direitos humanos e das pessoas com deficiência, como em Moçambique, Cabo Verde, Angola, Madagascar, Tunísia, Marrocos, Indonésia, dentre outros.
A Vida Brasil esteve pela primeira vez na Guiné Bissau em 2013: Damien Hazard, como representante da Abong, participou de um encontro de redes de organizações da sociedade civil. Conheceu, na oportunidade, a Federação das Associações de Defesa das Pessoas com Deficiência de Guiné Bissau (FADPD-GB). Nos dois anos seguintes, Damien foi convidado pela Handicap International Senegal e pela FADPD para conduzir um processo participativo de elaboração de dois projetos trienais que foram apresentados para União Europeia. Em 2014, foi um projeto-piloto de educação inclusiva em escolas primárias do setor de Bissau, capital do país. Em 2015, Damien viajou para várias regiões e encontrou associações voltadas para a promoção dos direitos das pessoas com deficiência. Um novo projeto, desta vez voltado para o fortalecimento do movimento das pessoas com deficiência, foi concebido de forma participativa, redigido e finalmente recebeu o apoio da União Europeia.
Os dois projetos da Handicap International e da FADPD já iniciaram. Por isso, Damien encontrou nesse ano um quadro totalmente diferente dos anos anteriores, com as equipes das duas organizações agora constituídas e operando a todo vapor. O trabalho da Vida Brasil, dessa vez, consistiu na qualificação de profissionais das duas organizações, de lideranças de organizações da sociedade civil, mas também de diversos atores, principalmente do meio educacional.
O trabalho iniciou no dia 24 de maio, com uma formação em acessibilidade seguida de um diagnóstico participativo de 7 escolas de Bissau, capital da Guiné Bissau. Foi seguido por uma outra formação em acessibilidade, desta vez ministrada para construtores e profissionais do planejamento urbano que irão trabalhar nos próximos meses em reformas de acessibilidade em escolas da região de Oio, no interior do país. Na segunda semana da sua estadia em Bissau, Damien conduziu uma formação de formadores em animação inclusiva, de 4 dias de duração, voltada para 30 lideranças do movimento das pessoas com deficiência na Guiné Bissau.
Todos esses trabalhos levaram à redação, pela Vida Brasil (pelo programa de Acessibilidade e Políticas Públicas), de manuais pedagógicos e de orientação, tais como um Guião de diagnóstico participativo em acessibilidade em escolas, e um manual de orientações em animação inclusiva. Esses documentos devem contribuir para fortalecer a atuação de atores no sentido da promoção dos direitos das pessoas com deficiência.
A distância entre a Guiné Bissau e o Brasil é pequena, tanto no plano geográfico quanto cultural e humano. Situada no litoral oeste-africano, ao sul do Senegal, a Guiné Bissau é um pequeno país, com cerca de 2 milhões de habitantes, onde o português é língua oficial. A população tem consciência da sua proximidade com o Brasil, mas a recíproca não é verdadeira, apesar de um estreitamento das relações nos últimos anos sob vários ângulos. Movimentos sociais e organizações de pessoas com deficiência deste país buscam hoje reforçar essas ligações. A Vida Brasil espera poder contribuir neste sentido, intermediando o contato da associação de surdos e da associação de pessoas com albinismo da Guiné Bissau com organizações brasileiras. Quem tiver interesse pode se manifestar!
Confira o álbum de fotos, clicando aqui.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Entrevista com Damien Hazard
No mês de maio de 2016, Damien Hazard concluiu o seu mandato na Direção Executiva da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais) e assumiu a representação estadual, na Bahia. Na entrevista, Damien, que também é coordenador executivo da Vida Brasil, fez uma análise de conjuntura nacional e internacional e avaliou o período em que esteve na direção da Abong. Sua entrevista foi dividida em 3 partes.
Na primeira parte da entrevista, Damien fez um análise do movimento social pós-2013 e da construção democrática no Brasil.
Na segunda parte da entrevista, Damien fez uma análise sobre a relação dos novos movimentos nacionais e internacionais com a busca de novos modelos de desenvolvimento. Ele também comentou sobre a organização política e contradições do Fórum Social Mundial.
Na terceira e última parte da entrevista, Damien fez um balanço de sua participação na coordenação executiva da Abong, apontando os novos desafios a nível nacional e regional.
Na primeira parte da entrevista, Damien fez um análise do movimento social pós-2013 e da construção democrática no Brasil.
Na segunda parte da entrevista, Damien fez uma análise sobre a relação dos novos movimentos nacionais e internacionais com a busca de novos modelos de desenvolvimento. Ele também comentou sobre a organização política e contradições do Fórum Social Mundial.
Na terceira e última parte da entrevista, Damien fez um balanço de sua participação na coordenação executiva da Abong, apontando os novos desafios a nível nacional e regional.
segunda-feira, 16 de maio de 2016
Entrevista com Damien Hazard (parte 1)
No mês de maio de 2016, Damien
Hazard concluiu o seu mandato na Direção Executiva da Abong (Associação
Brasileira de Organizações Não-Governamentais) e assumiu a representação
estadual na Bahia. Na entrevista, Damien, que também é coordenador executivo da
Vida Brasil, fez uma análise de conjuntura nacional e internacional e avaliou o
período em que esteve na direção da Abong. Sua entrevista foi dividida em 3
partes.
Na primeira parte da entrevista,
Damien fez uma análise do movimento social pós-2013 e da construção democrática
no Brasil. Ele citou a participação da juventude e novas formas de organização
do movimento social no Brasil e no mundo, e sua relação com entidades mais
tradicionais. Damien também falou um pouco do processo do Fórum Social Mundial
e das oportunidades que existem na atual crise política, para se buscar uma
radicalização da Democracia.
quarta-feira, 11 de maio de 2016
Les corrompus votent la destitution de Dilma
Ce sont les derniers jours du gouvernement de Dilma Rousseff (PT - Parti des Travailleurs) au Brésil. Après avoir été condamnée par la Chambre des Députés, c´est le tour du Sénat de juger sa destitution (dénommée « impeachment » au Brésil). Cependant , si son parti est impliqué dans plusieurs scandales de corruption - en particulier le "Lava Jato" qui traite des détournements d´argent à Petrobras, la plus grande entreprise étatique, il ne pèse aucune accusation contre Dilma.
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Dilma Rousseff. Foto: Wilton Jr. |
La demande de la destitution repose sur la criminalisation d´une action comptable qui a consisté à retarder le paiement de prêts bancaires afin de couvrir les dépenses de projets sociaux ayant dépassé le budget mensuel. Une pratique fiscale non considérée jusqu´alors comme un détournement d´argent, qui a toujours été accepté par le « Tribunal des Comptes de l´Union » et qui a toujours été faite par tous les présidents de la République et par plusieurs maires et gouverneurs, certains d´entre eux maintenant députés et qui ont voté contre Dilma. Ces mêmes députés ont pourtant toujours voté en faveur de cette manœuvre fiscale, puisque les décrets présidentiels ont toujours eu besoin de l´autorisation de la Chambre des Députés.
Les députés
Les députés qui ont voté et voteront contre Dilma utilisent la devise de "lutte contre la corruption".
Eduardo Cunha, président de la Chambre des Députés jusqu´à la semaine dernière, a décidé d'ouvrir le procès de destitution de Dilma un jour après que le Parti des Travailleurs (PT) ait dit qu'il voterait contre lui dans le Conseil d'Éthique de la Chambre des Députés, qui évaluait une accusation de corruption du député - des comptes non déclarés en Suisse et des dénonciations de corruption et de distribution de pots de vin. Vaincu, Eduardo Cunha a eu la demande de son expulsion de la présidence envoyée à la Cour Suprême. Alors que son cas n'était pas encore jugé, il a engagé le procès de destitution de Dilma qui a été approuvé par la Chambre des Députés, le 17 Avril. Le 5 Mai, la Cour Suprême a ordonné son retrait de la présidence en raison de son implication dans des affaires de corruption. Les Brésiliens se sont pourtant demandés : pourquoi la Cour a-t-elle attendu 142 jours pour le juger et ne l'a fait qu´après l´approbation de la destitution de la présidente?
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Eduardo Cunha y les députés. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom-Agencia Brasi |
Un total de 65 membres a participé à la Commission des Députés qui a évalué le rapport de la destitution. Parmi ceux-ci, trente-six répondent ou ont été reconnus coupables d'un crime. Le cas le plus emblématique le jour de la votation a été la déclaration de la députée Raquel Muniz. En votant, elle a fait l'éloge de son mari, le maire d'une petite ville, et a dit oui à la destitution contre «cette maudite corruption." Le lendemain, son mari a été arrêté pour corruption. Paulo Maluf, recherché par l´Interpol, a également voté en faveur de la destitution.
Les sénateurs
Ce 11 Mai sera le tour du vote du Sénat sur la destitution, après qu´un comité spécial ait approuvé la demande le 6 mai dernier. Sur les 20 membres de ce comité, 15 étaient favorables. Parmi ces sénateurs, 12 sont dénoncés pour plusieurs crimes : détournement de fonds publics, abus sexuels, connexion avec le « jogo do bicho » (une espèce de loterie illégale), traffic de drogue, réception et paiement de pots de vin, crime de responsabilité, implication dans le scandale du "Lava Jato"...
Parmi les sénateurs qui vont voter la destitution ce 11 mai se trouvent des politiciens tels que l'ancien président Fernando Collor, qui a souffert une destitution en 1992 sous l´accusation d'implication dans des transactions financières frauduleuses. Il y a aussi Jader Barbalho, qui a renoncé en 2001 de son poste de sénateur pour ne pas être expulsé et devenir inéligible, suite à un scandale de détournement de fonds. Il y encore Aécio Neves, candidat battu à la dernière élection et qui est maintenant visé par la Cour Suprême dans le cadre du scandale du "Lava Jato". Des 81 sénateurs, 32 sont objets d´enquêtes par la Cour Suprême.
Le vice-président
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Michel Temer. Foto: Carta Capital. |
Si le Sénat approuve, le 11 mai, la destitution de la présidente Dilma, elle sera eloignée de ses fonctions, tandis que le Sénat aura jusqu'à 180 jours pour prendre une nouvelle décision finale. Pendant ce temps, assume le vice-président Michel Temer.
Temer est également suivi par la Cour Suprême pour corruption dans des affaires concernant des pots de vin, notamment dans l'opération "Lava Jato". Et le 5 mai, le Tribunal Électoral Régional de São Paulo l´a condamné pour avoir fait des dons de campagne au-dessus du permis, ce qui le rend inéligible pendant 8 ans. La condamnation, cependant, n´interfére pas sur sa condition actuelle de vice-président et, si la destitution se confirme, de futur président.
Un coup d´état
Le 14 Avril, le New York Times a titré: «Honnête, Dilma peut être destituée par des criminels." En effet, il n'y a aucune accusation de corruption contre la présidente. Alors que les accusés de corruption se trouvent en majorité à la Chambre des Députés et du Sénat et ont voté ou vont voter pour la destitution. Ce même groupe politique a perdu les quatre dernières éléctions. Avec la destitution de Dilma, ils reviennent au pouvoir au Brésil après 14 ans.
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Manifestations contre la destitution. Foto: Ricardo Stucker |
Considérant antidémocratique leur façon d´acccéder au pouvoir, des manifestations contre la destitution ont lieu chaque jour dans tout le pays et réunissent des milliers de personnes. Pour les manifestants, la destitution, le résultat d'une articulation et d´un jugement - non pénal - a un nom: Coup d'Etat. Et ceux qui sont contre le "coup d´état" promettent "la lutte." L'avenir du Brésil est aussi incertain que celui de sa démocratie qui, en 2016, n´a que 32 ans et est maintenant menacée.
Alex Pegna Hercog: membre de Intervozes (Collectif brésilien de communication sociale); Association Vida Brasil et Collectif Bahianais pour le Droit à la Communication (Coletivo Baiano pelo Direito à Comunicação).
terça-feira, 10 de maio de 2016
Vida Brasil participa do Fórum dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Lauro de Freitas
Nos dias 5 e 6 de
maio, Lauro de Freitas sediou o I Fórum Municipal dos Direitos das Pessoas com
Deficiências. O encontro foi promovido pela prefeitura local, através do
Departamento de Acessibilidade do município e contou com o apoio da Vida
Brasil. Além disso, os coordenadores Damien Hazard e Islândia Costa estiveram
presentes nos dois dias, participando das mesas de discussão.
No dia 5, Damien
ministrou a palestra magna sobre “Os desafios na implementação da política da
pessoa com deficiência”, trazendo o histórico do movimento e apontando os
desafios. No dia seguinte foi a vez de Islândia participar da mesa redonda
sobre”Acessibilidade, Transporte e Moradia”.
O evento aconteceu na
faculdade UNIME, em Lauro de Freitas, e reuniu mais de 200 pessoas nos dois
dias de evento.
segunda-feira, 11 de abril de 2016
Vida Brasil realiza na Indonésia curso sobre IPS
De
21 a 23 de março, a Vida Brasil esteve na Indonésia realizando um treinamento
sobre a aplicação do IPS – Índice de
Participação Sócio-Política. Heron Cordeiro, coordenador do programa de
acessibilidade, esteve na cidade de Jogjakarta, reunido com técnicos da
Handicap International vindos da Índia, Timor Leste e da própria Indonésia.
O
IPS foi desenvolvido pela Vida Brasil com o objetivo de produzir indicadores que
meçam a participação sócio-política nos espaços democráticos. A partir de uma avaliação
feita por representantes da sociedade civil, são gerados indicadores que
dimensionam essa participação, além da qualidade das intervenções nos espaços,
diálogo com o poder público, incidência política, etc.
O
curso ministrado por Heron também discutiu conceitos de “democracia” “participativa”
e “representativa”, “qualidade da participação”, “consenso”, “construção
coletiva”, dentre outros. Faz parte da aplicação do IPS o próprio debate em
torno de sua metodologia, sempre adaptada ao contexto local.
A
partir do treinamento, a Handicap pretende que seus técnicos levem a
experiência do IPS para as organizações de seus países. Dessa forma, a Vida
Brasil acredita que o instrumento pode contribuir para aprimorar as democracias
e os espaços de participação sócio-política em diferentes realidades.
quinta-feira, 24 de março de 2016
QUE SE PASSE-T-IL AU BRÉSIL ?
Version: française / Versão: português
Le Brésil est en train de passer par une récession économique aggravée par une crise politique : d´un côté la présidente Dilma, élue démocratiquement et appuyée par la gauche (bien qu´en grande partie insatisfaite de son gouvernement) ; de l´autre, le groupe de l´opposition (avec les partis PSDB, DEM, PMDB, etc.), qui comptent sur l´activité tendencieuse d´un juge (Moro), d´un Ministre du STF (Gilmar Mendes, du Tribunal Suprême Fédéral), d´une partie de la tête de la police fédérale, de la plus grande partie du Congrès, et des médias qui créent chaque jour un nouveau discours pour faire pression, provoquer la sortie de la présidente Dilma et essayer de convaincre l´opinion publique.
Le climat est tendu dans le pays. Chaque jour surgit un fait nouveau. Dans les rues, la rivalité entre des groupes opposés s´est intensifiée, frisant la violence, avec plusieurs bureaux du Parti des travailleurs (PT, parti de la présidenteDilma et de l'ancien président Lula), de syndicats, de bureaux politiques de gauche et d´organisations étudiantes qui sont attaqués à l'aube. Le discours de haine est intense et on évite l'usage de vêtements rouges dans les zones où se déroulent les manifestations de l'opposition. D'autre part, de nombreux artistes, des intellectuels, des hommes politiques internationaux, des universitaires, des avocats et des mouvements populaires se prononcent contre la destitution. Les groupes opposés au gouvernement adoptent le discours de « la lutte contre la corruption »pour renverser la présidente. Cependant, certains des politiciens les plus corrompus dans le pays sont à la tête de cette offensive, qui ne propose aucun changement du système politique. Au contraire, ils cherchent simplement à récupérer le pouvoir perdu en 2002, 2006 et 2010 et 2014, dans les urnes, et ont passé les dernières années à articuler cette prise du pouvoir par la force. Si cela se produit, les dommages causés à la démocratie seront incalculables et la possibilité d'un conflit violent dans les rues sera grande.
Pour ces raisons, Vida Brasil publie la note suivante, afin de mieux informer ses partenaires nationaux et surtout internationaux de ce qui se passe au Brésil.
Note publique : la position de Vida Brasil face au scénario politique actuel
Depuis sa fondation en 1996, la mission de Vida Brasil est de contribuer à une société plus inclusive, durable et démocratique. La défense de la démocratie est donc une valeur fondamentale que nous, membres de Vida Brasil, assumons. Nous croyons que, malgré ses défauts et sesimperfections, la démocratie est le meilleur système possible, compte tenu de tout le contexte mondial actuel et des expériences du passé.C'est pourquoi, pendant ces 20 dernières années, nous avons travaillé à renforcer les institutions démocratiques, cherchant constamment une plus grande participation de la société civile dans les espaces de pouvoir et la garantie de l'État Démocratique de Droit sans restriction, surtout lorsque les effets de la démocratie tardent à se faire sentir et que les droits de la population ne sont pas assurés, comme c'est la cas dans les banlieues des grandes villes.
En raison de ce parcours, Vida Brasil a la fierté d'apporter son expertise à d'autres pays, en particulier en Amérique Latine et en Afrique, continents oú le système démocratique est encore de construction récente. La Tunisie en est un bel exemple : ce pays a installé le modèle démocratique en 2011 , après la révolution qui a renversé le dictateur Ben Ali, au pouvoir depuis 24 ans. Depuis lors, Vida Brasil a été deux fois sur le sol tunisien, apportant des contributions visant à renforcer la démocratie nouvelle-née dans le pays, et à approfondir les liens de coopération avec divers représentants du mouvement social de la Tunisie.
L'histoire de Vida Brasil, son passé et son présent confirment l'importance que nous donnons à la radicalisation de la démocratie, de manière inclusive et participative. En conséquence, nous ne pouvions pas manquer de prendre position sur la grave situation que notre pays vit en ce moment. C'est pourquoi nous affirmons que :
- Nous appuyons toute enquête, quelle qu'elle soit, sur toute personne, quelle qu'elle soit, à condition que la loi soit respectée et qu’ elle ne passe pas outre les droits individuels. Nous ne sommes pas d'accord avec les fuites illégales et sélectives d'éléments de l'enquête dont le but évident est de déstabiliser le gouvernement et d'aggraver la crise politique;
- Nous soutenons la lutte contre la corruption, mais nous ne sommes pas dupes des faux moralistes pour qui ce discours n'est qu'une simple dispute de pouvoir partisan, et qui ne proposent pas de changements structurels. C'est pourquoi nous préconisons la fin du financement privé des campagnes; la ratification du paquet anti-corruption, tel que proposé par la Chambre des Députés ; une réforme politique large et participative ; et l'impartialité dans les enquêtes, les poursuites et les condamnations, sans chercher à harceler ou à favoriser un parti politiqueou un autre ;
- Nous ne sommes pas d'accord avec l'attitude des principaux médias du pays, en particulier le groupe Globo. Nous regrettons la manipulation de l'information et la construction partisane des reportages médiatiques, clairement destinée à attaquer le gouvernement sans respecter les principes éthiques du journalisme. C'est pourquoi nous défendons une presse plus libre, qui garantisse un espace pour la diversité des discussions sous une forme équilibrée et professionelle, en particulier les chaînes de télévision qui fonctionnent à partir de concession publique, tels que le réseau Globo, et qui ont l'obligation légale et morale de respecter les institutions démocratiques et d’être intellectuellement honnêtes avec leurs téléspectateurs. Nous réaffirmons notre lutte pour la démocratisation des médias et leur cadre réglementaire.
- Nous rejetons le jugement anticipé rendu à la présidente Dilma, clairement destiné à affaiblir le gouvernement et le forcer à la sortie. Il est utile de rappeler qu'il n'y a contre elle aucune accusation de corruption et que Dilma a été démocratiquement élue par la majorité des électeurs et a le droit constitutionnel de terminer son mandat. Nous défendrons sa sortie légale si à un moment quelconque il y avait un procès et la preuve de crimes commis directement par elle, ce dont, pour le moment, elle n’est même pas accusée. Ce que nous voyons,c’est une coalition de forces dirigées par les partis d'opposition, les groupes de médias, les secteurs conservateurs de la société et des individus qui jouent un rôle dans diverses institutions publiques et qui devraient veiller à la légalité de leurs actions. A cette tentative d'expulsion forcée de la présidente, qui viole le résultat des élections et foule aux pieds la légalité démocratique, nous donnons le nom de coup d'Etat.
- Défendre la démocratie ne signifie pas approuver le programme du gouvernement actuel. Par ailleurs, nous exprimons notre réserve face à plusieurs projets, tels que la Loi antiterrorisme; la perte de souveraineté dans l'exploration du « pré-sal » (forages pétroliers en grande profondeur) ; la crise économique et les coupes dans les budgets de la Santé et de l'Éducation; la perspective de privatisations et de perte des acquis des travailleurs; et cela parmi beaucoup d'autres projets... Mais l'opposition à ces actions doit se faire en restant dans le champ démocratique. La défense des institutions démocratiques est au-dessus de tout parti ou groupe politique.
Telles sont les principales positions de Vida Brasil face au scénario actuellement en cours dans le pays. Considérant que les groupes qui organisent le renversement du gouvernement violent et mettent en péril la démocratie brésilienne, nous nous élevons contre toute tentativevisant à faire reculer les acquis démocratiques dont la construction nous a coûté si cher. Vida Brasil est pour la démocratie et agit donc en luttant, en la défendant et en travaillant à la renforcer.
Le Brésil est en train de passer par une récession économique aggravée par une crise politique : d´un côté la présidente Dilma, élue démocratiquement et appuyée par la gauche (bien qu´en grande partie insatisfaite de son gouvernement) ; de l´autre, le groupe de l´opposition (avec les partis PSDB, DEM, PMDB, etc.), qui comptent sur l´activité tendencieuse d´un juge (Moro), d´un Ministre du STF (Gilmar Mendes, du Tribunal Suprême Fédéral), d´une partie de la tête de la police fédérale, de la plus grande partie du Congrès, et des médias qui créent chaque jour un nouveau discours pour faire pression, provoquer la sortie de la présidente Dilma et essayer de convaincre l´opinion publique.
Le climat est tendu dans le pays. Chaque jour surgit un fait nouveau. Dans les rues, la rivalité entre des groupes opposés s´est intensifiée, frisant la violence, avec plusieurs bureaux du Parti des travailleurs (PT, parti de la présidenteDilma et de l'ancien président Lula), de syndicats, de bureaux politiques de gauche et d´organisations étudiantes qui sont attaqués à l'aube. Le discours de haine est intense et on évite l'usage de vêtements rouges dans les zones où se déroulent les manifestations de l'opposition. D'autre part, de nombreux artistes, des intellectuels, des hommes politiques internationaux, des universitaires, des avocats et des mouvements populaires se prononcent contre la destitution. Les groupes opposés au gouvernement adoptent le discours de « la lutte contre la corruption »pour renverser la présidente. Cependant, certains des politiciens les plus corrompus dans le pays sont à la tête de cette offensive, qui ne propose aucun changement du système politique. Au contraire, ils cherchent simplement à récupérer le pouvoir perdu en 2002, 2006 et 2010 et 2014, dans les urnes, et ont passé les dernières années à articuler cette prise du pouvoir par la force. Si cela se produit, les dommages causés à la démocratie seront incalculables et la possibilité d'un conflit violent dans les rues sera grande.
Pour ces raisons, Vida Brasil publie la note suivante, afin de mieux informer ses partenaires nationaux et surtout internationaux de ce qui se passe au Brésil.
Note publique : la position de Vida Brasil face au scénario politique actuel
Depuis sa fondation en 1996, la mission de Vida Brasil est de contribuer à une société plus inclusive, durable et démocratique. La défense de la démocratie est donc une valeur fondamentale que nous, membres de Vida Brasil, assumons. Nous croyons que, malgré ses défauts et sesimperfections, la démocratie est le meilleur système possible, compte tenu de tout le contexte mondial actuel et des expériences du passé.C'est pourquoi, pendant ces 20 dernières années, nous avons travaillé à renforcer les institutions démocratiques, cherchant constamment une plus grande participation de la société civile dans les espaces de pouvoir et la garantie de l'État Démocratique de Droit sans restriction, surtout lorsque les effets de la démocratie tardent à se faire sentir et que les droits de la population ne sont pas assurés, comme c'est la cas dans les banlieues des grandes villes.
En raison de ce parcours, Vida Brasil a la fierté d'apporter son expertise à d'autres pays, en particulier en Amérique Latine et en Afrique, continents oú le système démocratique est encore de construction récente. La Tunisie en est un bel exemple : ce pays a installé le modèle démocratique en 2011 , après la révolution qui a renversé le dictateur Ben Ali, au pouvoir depuis 24 ans. Depuis lors, Vida Brasil a été deux fois sur le sol tunisien, apportant des contributions visant à renforcer la démocratie nouvelle-née dans le pays, et à approfondir les liens de coopération avec divers représentants du mouvement social de la Tunisie.
L'histoire de Vida Brasil, son passé et son présent confirment l'importance que nous donnons à la radicalisation de la démocratie, de manière inclusive et participative. En conséquence, nous ne pouvions pas manquer de prendre position sur la grave situation que notre pays vit en ce moment. C'est pourquoi nous affirmons que :
- Nous appuyons toute enquête, quelle qu'elle soit, sur toute personne, quelle qu'elle soit, à condition que la loi soit respectée et qu’ elle ne passe pas outre les droits individuels. Nous ne sommes pas d'accord avec les fuites illégales et sélectives d'éléments de l'enquête dont le but évident est de déstabiliser le gouvernement et d'aggraver la crise politique;
- Nous soutenons la lutte contre la corruption, mais nous ne sommes pas dupes des faux moralistes pour qui ce discours n'est qu'une simple dispute de pouvoir partisan, et qui ne proposent pas de changements structurels. C'est pourquoi nous préconisons la fin du financement privé des campagnes; la ratification du paquet anti-corruption, tel que proposé par la Chambre des Députés ; une réforme politique large et participative ; et l'impartialité dans les enquêtes, les poursuites et les condamnations, sans chercher à harceler ou à favoriser un parti politiqueou un autre ;
- Nous ne sommes pas d'accord avec l'attitude des principaux médias du pays, en particulier le groupe Globo. Nous regrettons la manipulation de l'information et la construction partisane des reportages médiatiques, clairement destinée à attaquer le gouvernement sans respecter les principes éthiques du journalisme. C'est pourquoi nous défendons une presse plus libre, qui garantisse un espace pour la diversité des discussions sous une forme équilibrée et professionelle, en particulier les chaînes de télévision qui fonctionnent à partir de concession publique, tels que le réseau Globo, et qui ont l'obligation légale et morale de respecter les institutions démocratiques et d’être intellectuellement honnêtes avec leurs téléspectateurs. Nous réaffirmons notre lutte pour la démocratisation des médias et leur cadre réglementaire.
- Nous rejetons le jugement anticipé rendu à la présidente Dilma, clairement destiné à affaiblir le gouvernement et le forcer à la sortie. Il est utile de rappeler qu'il n'y a contre elle aucune accusation de corruption et que Dilma a été démocratiquement élue par la majorité des électeurs et a le droit constitutionnel de terminer son mandat. Nous défendrons sa sortie légale si à un moment quelconque il y avait un procès et la preuve de crimes commis directement par elle, ce dont, pour le moment, elle n’est même pas accusée. Ce que nous voyons,c’est une coalition de forces dirigées par les partis d'opposition, les groupes de médias, les secteurs conservateurs de la société et des individus qui jouent un rôle dans diverses institutions publiques et qui devraient veiller à la légalité de leurs actions. A cette tentative d'expulsion forcée de la présidente, qui viole le résultat des élections et foule aux pieds la légalité démocratique, nous donnons le nom de coup d'Etat.
- Défendre la démocratie ne signifie pas approuver le programme du gouvernement actuel. Par ailleurs, nous exprimons notre réserve face à plusieurs projets, tels que la Loi antiterrorisme; la perte de souveraineté dans l'exploration du « pré-sal » (forages pétroliers en grande profondeur) ; la crise économique et les coupes dans les budgets de la Santé et de l'Éducation; la perspective de privatisations et de perte des acquis des travailleurs; et cela parmi beaucoup d'autres projets... Mais l'opposition à ces actions doit se faire en restant dans le champ démocratique. La défense des institutions démocratiques est au-dessus de tout parti ou groupe politique.
Telles sont les principales positions de Vida Brasil face au scénario actuellement en cours dans le pays. Considérant que les groupes qui organisent le renversement du gouvernement violent et mettent en péril la démocratie brésilienne, nous nous élevons contre toute tentativevisant à faire reculer les acquis démocratiques dont la construction nous a coûté si cher. Vida Brasil est pour la démocratie et agit donc en luttant, en la défendant et en travaillant à la renforcer.
Version originale en portugais: LINK.
sexta-feira, 18 de março de 2016
Nota Pública: o posicionamento da Vida Brasil diante do atual cenário político
Desde sua fundação, em 1996, a Vida Brasil tem como missão
contribuir para uma sociedade mais inclusiva, sustentável e democrática. A
defesa da democracia, portanto, é um valor primordial que nós da Vida Brasil
carregamos. Acreditamos que, mesmo com falhas e imperfeições, a democracia é o
melhor sistema possível, considerando todo o contexto global atual e as experiências
do passado. Por isso trabalhamos nos últimos 20 anos para fortalecer as
instituições democráticas, buscando cada vez mais a ampliação da participação
da sociedade civil nos espaços de poder e a garantia do Estado Democrático de
Direito de forma irrestrita, sobretudo onde a efetivação da democracia ainda
tarda a chegar e os direitos humanos da população ainda não são garantidos,
como nas periferias das grandes cidades.
Por conta dessa trajetória, a Vida Brasil se orgulha de levar
sua experiência para outros países, sobretudo da América Latina e África,
continentes em que o sistema democrático ainda estão em recente construção. Um
importante exemplo é a Tunísia, país que em 2011 instalou o modelo democrático,
após a revolução que depôs o ditador Ben Ali, no poder durante 24 anos. Desde
então, a Vida Brasil esteve duas vezes em solo tunisiano, levando contribuições
para fortalecer a recém nascida democracia do país, além de aprofundar laços de
cooperação com diversos representantes do movimento social da Tunísia.
A história da Vida Brasil, seu passado e seu presente não
negam a importância que damos para a radicalização da democracia, de forma
inclusiva e participativa. Assim sendo, não poderíamos deixar de nos posicionar
sobre a grave situação que o nosso país está vivendo nesse momento. Por isso,
ratificamos:
- Apoiamos toda e qualquer investigação sobre toda e qualquer
pessoa, desde que respeite a legalidade e não sobreponha os direitos
individuais. Não concordamos com vazamentos ilegais e seletivos de peças da
investigação, com a evidente intenção de desestabilizar o governo e aprofundar
a crise política;
- Defendemos o combate à corrupção, mas não compactuamos com
os falsos moralistas que usam esse discurso por mera disputa de poder
partidário, sem propor mudanças estruturais. Por isso, defendemos o fim do
financiamento privado de campanha; a votação do pacote anti-corrupção,
estagnado na Câmara dos Deputados; uma reforma política ampla e participativa;
e isenção nas investigações, julgamentos e condenações, sem perseguir ou
blindar um ou outro partido político;
- Não concordamos com a postura que
vem tendo os principais veículos de comunicação do país, especialmente o grupo
Globo. Lamentamos a manipulação das informações e a tendenciosa construção da
narrativa midiática, nitidamente voltada para o ataque ao governo, sem prezar
pelos princípios éticos do jornalismo. Por isso defendemos uma mídia mais
isenta, que garanta espaço para a diversidade dos debates de forma equilibrada
e qualificada, sobretudo as emissoras de TV que funcionam a partir de concessão
pública, a exemplo da rede Globo, e têm o dever legal e moral de prezar pelas
instituições democráticas e ser intelectualmente honestas com seus
espectadores. Ratificamos nossa luta pela democratização dos meios de
comunicação e seu marco regulatório.
- Repudiamos o pré-julgamento feito à
presidenta Dilma, com o nítido caráter de enfraquecer o governo e forçar a sua
saída. É válido lembrar que contra ela não pesa nenhuma acusação de corrupção e
que Dilma foi democraticamente eleita pela maioria dos eleitores e tem o
direito constitucional de concluir o mandato. Defenderemos sua saída legal se
em algum momento houver julgamento e comprovação de crimes cometidos diretamente
por ela, algo que no momento ela não é sequer acusada. O que se vê é uma
coalizão de forças lideradas por partidos de oposição, grupos midiáticos,
setores conservadores da sociedade e indivíduos alocados em diversas
instituições públicas que deveriam prezar pela legalidade de suas ações. Para
essa tentativa de expulsão forçada da presidenta, desrespeitando o resultado
das eleições e atropelando a legalidade democrática damos o nome de golpe.
- Defender a democracia não significa
apoiar o programa do atual governo. Aliás, somos críticos a diversos projetos,
como a Lei Anti-Terrorismo; a perca da soberania na exploração do pré-sal; o
arrocho econômico com cortes na Saúde e na Educação; e a perspectiva de
privatizações e perca de conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras; dentre
muitos outros projetos. Mas o enfrentamento a essas ações deve se dar dentro do
campo democrático. A defesa das instituições democráticas estão acima de
qualquer partido ou grupo político.
Esses são os principais posicionamentos
da Vida Brasil diante do atual cenário do país. Por considerar que os grupos
que estão articulando a derrubada do governo estão desrespeitando e
comprometendo a Democracia brasileira, nos colocamos contra a qualquer
tentativa de retroceder às conquistas democráticas que nos foram tão caras
construir. A Vida Brasil é a favor da democracia e por isso segue lutando,
defendendo e trabalhando pelo seu fortalecimento.
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