terça-feira, 30 de junho de 2015

Da Guiné-Bissau para Bahia: a volta

Por Damien Hazard

Cheguei em Salvador. Dois dias de viagem foram necessários. Na ausência de vôos diretos entre a capital, Bissau e o Brasil, voltei pelo mesmo caminho da ida: peguei a estrada de Bissau a Ziguinchor, no sul de Senegal, depois um avião até Dacar, outro até Lisboa e enfim o último vôo para chegar em Salvador! Ufa! Quando penso que um voo direto de Bissau até Salvador não demoraria mais do que 4 horas! Estamos tão perto e ao mesmo tempo ainda tão distantes. Mais do que geográfica ou cultural, a distância é simbólica e reflete um desconhecimento ainda vigente no Brasil em relação aos países africanos de língua portuguesa que, além da Guiné-Bissau, incluem Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique. O Brasil é para cada um deles bem mais próximo do que qualquer um deles parece estar para nós.



Acorda Brasil! Diversas organizações e movimentos brasileiros envolvidos estão fortalecendo a sua atuação em questões e articulações internacionais. A Vida Brasil está participando ativamente desse processo, como protagonista e como articuladora. Essa viagem de intercâmbio, que se acrescenta a diversas outras que a Vida Brasil realizou em múltiplos países principalmente africanos – o anterior foi na Tunísia, em março, na ocasião do Fórum Social Mundial 2015 - fortalece o nosso entendimento e a nossa percepção do quanto o papel da sociedade civil organizada é fundamental na construção de um mundo mais justo; do quanto a colaboração entre organizações de países distintos (mas em muitos aspectos próximos) pode apontar caminhos valiosos para todas e todos. Nossos destinos estão intrinsecamente ligados, de norte a sul e de sul a sul. Uma nova ordem mundial está sendo desenhada, aqui e lá, com a ameaça de intensificação da mercantilização da vida e dos bens comuns. Mas é também nesses momentos de transição e até de crise que novas possibilidades, rupturas e soluções podem surgir, com a participação da sociedade civil organizada.

A Guiné-Bissau acabou de completar um ano de regime democrático, no último dia 23 de junho. Após a independência de Portugal em 1974, liderada por Amilcar Cabral, o país teve a oportunidade de eleger vários presidentes, mas nenhum até então conseguiu completar o seu mandato. O último golpe de estado foi em abril 2012, quando os militares tomaram o poder. Foi notadamente a pressão internacional que levou a organização de eleições, em 2014. Desta vez, tudo indica que o atual governo completará o seu mandato. Esta é, pelo menos, a afirmação das diversas organizações da sociedade civil que tive a oportunidade de encontrar. As condições parecem favoráveis para construção de políticas nacionais e regionais de desenvolvimento mais inclusivas.



Tive o grande privilégio de poder viver na Guiné-Bissau real e presente, encontrar pessoas, grupos, instituições e organizações de todo país. Conhecer melhor Bissau, descobrir Cacheu, Canchungo, Oio... Conversar e ouvir os depoimentos de lideranças, arrepiantes e cativantes, de pessoas com deficiência acerca da sua história e da sua luta por direitos. Também viajei no passado da Guiné-Bissau, na sua história colonial e por independência, e me ajudou melhor entender o seu presente. Tive, enfim, o imenso prazer de tentar enxergar de frente o seu futuro, junto com atores guineenses das mais diversas esferas, e de ajudar a construir caminhos, planejando ações e construindo um projeto de mudanças, com base no possível e no necessário, e sem nunca desistir do sonho. Combinando, como dizia Gramsci, o pessimismo da razão com o otimismo da vontade.

É tudo isso que nos move, que nos dá vida! Em meio a tristezas daquelas e daqueles que partem (e a Vida Brasil perdeu duas pessoas queridas nesse período de volta para Bahia, Norinha e Samuca, que vão deixar muita saudade), há todas essas novas relações e construções que nos mantém vivas.

Guiné-Bissau, nossos agradecimentos por todos esses momentos! Estamos juntos!


Confiram o Álbum de Fotografias da viagem:
https://www.facebook.com/ong.vidabrasil/media_set?set=a.850107728392434.1073741844.100001796450784&type=3

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A Vida Brasil na Guiné Bissau: contribuindo para o fortalecimento da democracia

Por Damien Hazard

Cinco dias já se passaram aqui na Guiné Bissau. É a terceira vez que venho, a primeira há exatamente um ano, quando fui convidado pela Liga Guineense de Direitos Humanos e pela organização portuguesa ACEP para participar de um encontro da sociedade civil do país e apresentar, em nome da Abong- Associação Brasileira de ONGs, a dinâmica da democracia brasileira. Naquela época, o país ainda estava dirigido pelos militares, depois de um golpe em 2012, mas eleições presidenciais tinham sido organizadas alguns meses antes e os militares tinham perdido a disputa nas urnas. A população guineense estava na perspectiva da chegada de um novo regime, desta vez democrático. Lembro que o futuro primeiro ministro (agora investido) estava presente no evento, assim como diversas lideranças de movimentos sociais do país. É neste evento que conheci Spencer Gomes, um dos diretores da Federação de Associações de Defesa e Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Guiné Bissau. Alguns meses depois, fui chamado pela Handicap International para desenvolver e redigir, junto com a Federação, um projeto de promoção da educação inclusiva em Bissau. O projeto foi apresentado para União Europeia e acabou sendo apoiado. Começou inclusive no início do mês de maio deste ano.



De volta esta semana no país africano, a convite da Federação e da Handicap International (Senegal-Cabo Verde), chego num novo contexto. O regime democrático está instalado há quase um ano. Segundo os militantes da Liga Guineense de Direitos Humanos e da Casa de Direitos, tudo indica que o atual regime conseguirá ir até o final do seu mandato. Enquanto defensores de direitos humanos, eles não estão mais perseguidos ou obrigados a viver escondidos. Ou seja: a democracia está em marcha, está sendo construída. Por isso, o trabalho que estou fazendo nesses dias, de facilitação para concepção de um projeto de fortalecimento do movimento de pessoas com deficiência no país, revela-se de extrema importância. E é obviamente, muito gratificante, para mim e para Vida Brasil que estou representando aqui.

Estou descobrindo e aprendendo a cada dia, trocando experiências e ideias, fortalecendo valores humanos e alimentando esperanças e utopias. Depois de 4 dias em Bissau, capital do país, fui pro interior ontem, sábado, nas regiões de Oio e de Cacheu. É na região de Cacheu que começou, em 1446, a colonização portuguesa. Vi a primeira igreja católica construída no país, o Forte de Cacheu (o primeiro da região) edificado em 1588 e a praia de onde saíram os primeiros africanos da região, escravizados. Me disseram que foi daqui que saiu Kunta Kinte, capturado na Gambia, e cuja história tornou-se famosa no livro Raízes Negras, do autor Alex Haley.

Forte de Cacheu


Além de organizações de direitos humanos, com quem já estávamos em contato, também conheci várias associações, de pessoas surdas, cegas, com deficiência física, ou ainda de apoio à inclusão escolar... E devo ainda conhecer outras nos próximos dias, a exemplo da Associação de Albinos de Guiné Bissau, um contato que, tenho certeza, será muito interessante para nossa parceira Apalba, primeira e pioneira associação no Brasil de pessoas com albinismo.

Acho importante ressaltar a importância do Brasil e das suas possíveis contribuições para o mundo e principalmente para dos países de língua portuguesa. O Brasil tornou-se, nos últimos dez a quinze anos, uma referência para muitos desses países e dos seus povos, inclusive no processo de construção da democracia e de implementação de políticas públicas de inclusão social. Há riscos nessa influência, obviamente, em relação ao papel exercido por grandes empresas transnacionais de origem brasileira. China, Brasil e Portugal constituem-se aqui como os principais parceiros do país para suas políticas de desenvolvimento econômico. E pelo visto, desenvolvimento econômico não significa necessariamente desenvolvimento social e ambiental. Assim como em Angola e Moçambique, essa atuação precisa ser monitorada e regulada, e a sociedade civil organizada poderia e deveria ter um maior papel nesse sentido.

Praia em que saíam os homens e mulheres escravizados


Há grandes possibilidades de colaboração entre Brasil e Guiné Bissau para construção e promoção da equidade e da justiça social e ambiental. É bom saber disso, e talvez seja mais fácil percebê-lo quando está mais distante. Deve-se reconhecer que a sociedade guineense tem muito mais consciência disso do que a sociedade brasileira. 

Nesse sentido, é preciso reconhecer os avanços sociais obtidos nos últimos anos no Brasil e que estão sendo invisibilizados na grande mídia de forma alienadora e muitas vezes retrógrada, num processo de desinformação preocupante, onde países africanos, como Guiné Bissau, são sequer citados em notícias.

Escola de surdos

versão em francês

Vida Brasil en Guinée-Bissau: contribution pour le renforcement de la démocratie

Cinq jours se sont passés ici en Guinée Bissao. C´est la troisième fois que je viens, la première il y a exactement un an, lorsque je fus invité par la Ligue Guinéenne des Droits de l'Homme et par l'organisation portugaise ACEP pour participer à une rencontre de la société civile du pays et présenter, au nom de Abong- Association brésilienne des ONG, la dynamique de la démocratie brésilienne. À cette époque, le pays était encore dominé par l'armée, qui avait pris le pouvoir en 2012 après un coup d'Etat, mais les élections présidentielles , réalisées quelques mois avant, le lui avaient retiré. La population guinéenne attendait l'arrivée d'un nouveau régime, cette fois démocratique. Je me souviens que le futur premier ministre (désormais investi) était présent lors de l'événement, ainsi que plusieurs dirigeants des mouvements sociaux du pays. J´avais notamment connu Spencer Gomes, directeur de la Fédération de défense et de promotion des associations des droits des personnes handicapées de Guinée Bissao. Quelques mois plus tard, je fus invité par Handicap International pour développer et écrire, avec la Fédération, un projet de promotion de l'éducation inclusive à Bissau. Le projet avait été présenté à l'Union européenne et finalement appuyé. Il a d´ailleurs commencé ?au mois de mai dernier.

De retour cette semaine dans le pays africain, à l'invitation de la Fédération et de Handicap International (Sénégal, Cap-Vert), je suis arrivé dans un nouveau contexte. Le régime démocratique est en vigueur depuis près d'un an. Selon les militants de la Ligue guinéenne des droits de l'homme et de la Maison des droits (Casa dos Direitos), le gouvernement actuel sera capable de mener son travail jusqu´à la fin de son mandat. Les défenseurs des droits humains ne sont plus persécutés ou obligés de vivre dans la clandestinité. En d'autres termes, la démocratie est en marche, elle est en cours de construction. En ce sens, le travail que je fais ces jours-ci, consistant à faciliter la conception d´un projet de renforcement du mouvement des personnes handicapées dans le pays, se révèle d'une grande importance. Il est également très gratifiant pour moi et pour Vida Brasil, que je représente ici.

Je découvre et j´apprends tous les jours, dans l'échange d'expériences et d'idées, en renforçant des valeurs humaines et en alimentant les espoirs et les utopies. 

Après 4 jours à Bissau, capitale du pays, je suis allé dans les provinces, samedi, et plus exactement dans les régions de Oio et de Cacheu. C´est dans la région de Cacheu qu´a commencé, en 1446, la colonisation portugaise. J'ai vu la première église catholique construite dans le pays, mais aussi le Fort de Cacheu (le premier dans la région), construit en 1588, ou encore la plage sur le Rio Cacheu, d´où les premiers Africains de la région réduits à l´esclavage sont partis. On m'a dit que c´est de là qu´est parti Kunta Kinté, capturé en Gambie, et dont l'histoire a été rendu célèbre dans le livre Racines, de l´auteur Alex Haley. 

En plus des organisations des droits humains, avec qui nous étions déjà en contact, J´ai aussi rencontré plusieurs associations, de personnes malentendantes, malvoyantes, avec un handicap physique, ou de promotion de l'éducation inclusive... Et j´en connaitrai d´autres dans les prochains jours, comme l´Association des Albinos de Guinée Bissao, un contact qui, j´en suis sûr, sera très intéressant pour notre partenaire Apalba, première et pionnière association au Brésil de personnes atteintes d'albinisme. 

Je profite pour souligner l'importance du Brésil et de ses éventuelles contributions pour le monde et en particulier pour les pays lusophones. Le Brésil est devenu dans les dix à quinze dernières années, une référence pour un bon nombre de ces pays et de leurs peuples, dans le domaine de la construction de la démocratie et de la mise en œuvre de politiques publiques d'inclusion sociale. Il y a évidemment des risques dans cette influence, avec notamment le rôle joué par les sociétés transnationales originaires du Brésil.

Chine, Brésil et Portugal constituent ici les principaux partenaires du pays pour ses politiques de développement économique. Et apparemment, développement économique ne signifie pas nécessairement développement social et environnemental. Comme en Angola et au Mozambique, cette action doit être surveillée et réglementée, et la société civile organisée pourrait et devrait jouer un rôle plus important à cet égard. 

Il ya de grandes possibilités de collaboration entre le Brésil et la Guinée-Bissau pour la construction et la promotion de l'équité et de la justice sociale et environnementale. C´est bien de le savoir, et il est plus facile de le percevoir quand on est plus loin. Il faut reconnaître que la société bissao-guinéenne a beaucoup plus conscience de cela que la société brésilienne. En ce sens, il est important re reconnaître les progrès réalisés ces dernières années au Brésil, mais qui semblent invisibles dans les grands médias brésiliens, qui agissent de façon aliénée et trop souvent rétrograde, à travers un processus de désinformation préocupant, dans lequel les pays africains, à l´exemple de la Guinée Bissao, ne sont jamais cités.

terça-feira, 9 de junho de 2015

A Vida Brasil na Guiné-Bissau: a chegada

A Vida Brasil vai mais uma vez atuar na Guiné Bissau. Desta vez, ajudará a Federação Bissau-Guineense de Organizações de Pessoas com Deficiência e a Organização Handicap International a conceber e elaborar um projeto de fortalecimento da sociedade civil. O trabalho vai ser desenvolvido nesses próximos dias, sob a direção de Damien Hazard, que traz o seguinte relato:

Damien Hazard em solo africano


A viagem foi demorada, mas ao mesmo tempo muito linda e cativante. Passei por Lisboa, Paris, e enfim Dacar. Depois de uma noite na capital senegalesa, peguei um pequeno avião, de hélices, para chegar em Ziguinchor: a principal cidade da região Casamance, no sul do Senegal. Esta é a cidade natal de Alain Pascal Kaly, presidente da Vida Brasil e professor de história da África na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. É a segunda vez que eu piso os pés em Ziguinchor, a primeira sendo há mais de 20 anos, quando realizei um estágio para uma pós-graduação em economia.


Ao contrário de Dacar, sempre em plena transformação e movido notadamente pela construção civil, Ziguinchor não parece ter mudado tanto, mas guarda o mesmo charme de sempre, com suas árvores majestosas, das mangueiras aos “fromagers” passando pelos flamboyants e pelos baobás. E principalmente com seu povo, de agricultores, de pescadores no rio Casamance e de mulheres muito elegantes que parecem desfilar nas ruas com suas belas roupas de cores vivas. Há também o famoso vinho de palma, extraído das palmeiras, uma tradição que curiosamente não existe no Brasil.

Fiquei menos de um dia em Ziguinchor, mas bastou para sentir e lembrar um pouco da magia do lugar. Na manhã deste dia 9 de junho, peguei a estrada, passei a fronteira do sul de Senegal e depois de 4 horas, cheguei em Bissau. Sem ser do tamanho de Dacar, percebi que estava chegando na capital da Guiné Bissau: como qualquer capital no mundo, Bissau tem um trânsito caracterizado pelos seus engarrafamentos...




Nos próximos dias, vocês vão poder acompanhar essa nova etapa da viagem no oeste africano, com novas impressões e novas fotos, desta vez do país de língua portuguesa.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Coletivo Baiano do Fórum Social Mundial apresenta as experiências ocorridas na Tunísia

Foi realizado ontem, 2 de junho, o Seminário “Fórum Social Mundial (FSM) 2015: legados e desafios políticos”. O evento, promovido pelas diversas entidades que compõem o Coletivo Baiano/FSM, teve como objetivo apresentar à sociedade as experiências e discussões trazidas pela delegação baiana que participou do FSM na Tunísia, realizado em março.

Coletivo Baiano do Fórum Social Mundial


A mesa de abertura contou com a presença de integrantes do Coletivo, Margarete Carvalho (Unegro) e Eduardo Zanatta (Centro Público de Economia Solidária), além de Mary Cláudia, representando a SERIN (Secretaria de Relações Institucionais) e Aílton Ferreira, representando a Sepromi (Secretaria de Promoção da Igualdade). Ambas as secretarias receberam o relatório final de participação do Coletivo no Fórum.

Em seguida, Gilberto Leal (CONEN) e Damien Hazard (Vida Brasil e Abong) apresentaram o histórico do Fórum Social Mundial e debateram o seu sentido na atualidade. De acordo com Damien, o FSM precisa se reinventar, mas continua sendo a maior articulação do movimento social planetário em torno da construção de novos paradigmas de desenvolvimento. Já Gilberto destacou a importância que as discussões do Fórum trazem para influenciar nas atuações locais de cada pessoa e organização.

Mesa de abertura: entrega do relatório de participação no FSM


Na sequência, o Seminário se dividiu em 3 blocos temáticos. O primeiro dele tratou das questões LGBT, Gênero e Mulheres. Margarete Carvalho (Unegro) citou as dificuldades dos homossexuais na Tunísia, cujos direitos estão à margem do processo revolucionário. “Os tunisianos dizem para o segmento que primeiro é preciso fortalecer a democracia, para depois discutir a pauta LGBT”.

Flora Brioschi (UBM/Fetim) destacou as experiências de resistência das mulheres árabes, sobretudo as tunisianas, palestinas e saharauis. “Nas diferentes regiões do planeta, a falta de compreensão sobre a desigualdade de gênero leva à negação do acesso a direitos e gera ainda mais violência contra a população feminina”, pontuou Flora.

Mesa "LGBT, Gênero e Mulheres"


Já Gabriel Teixeira (CEN) provocou a plenária sobre as práticas discriminatórias contra homossexuais dentro do próprio movimento social baiano. Para ele, não adianta participar do FSM e adotar um discurso humanitário, enquanto que nos próprios espaços locais se reproduz formas de preconceito e segregação contra os gays.

Na mesa seguinte, de “Enfrentamento ao racismo”, Sirlene Assis (Unegro), Gilbero Leal (Conen) e Cristiano Lima (Afoxé Bamboxê) comentaram a relevância dessa temática dentro do Fórum, com diversas mesas discutindo essa questão. Para Sirlene, a prática do racismo é universal e com muitas similaridades, seja no Brasil, na Tunísia, na Palestina ou nos Estados Unidos. Diante desse cenário, Cristiano acredita que é necessário universalizar a luta e que o FSM foi um ambiente propício para fazer articulações com entidades de outros países que atuam no enfrentamento ao racismo.

Mesa de Enfrentamento ao Racismo


O último bloco de discussão reuniu uma diversidade temática. João Pereira (CONAM/FABS) debateu sobre a questão de moradia, criticando a falta de políticas públicas que garantam o acesso à cidade e à habitação digna. Representando a Rede de Economia Solidária da Bahia, Ana Suely comparou a realidade do Brasil e Tunísia, ressaltando que nos dois países os governos ainda impõem barreiras para a contratação de empreendimentos de Economia Solidária.

Márcia Pinheiro (Comunidade Tradicional e Pescadora) e Eduardo Zanatta (Centro Público de Economia Solidária) apresentaram algumas temáticas ligadas ao meio ambiente, inclusive o conteúdo da oficina “Água é Vida”, promovida pelo Coletivo Baiano no FSM.

Mesa de Democracias, Participação social e Acessibilidade


Para finalizar as mesas de discussões, Wilson Cruz (Abadef) e Maria Helena (Apalba) deram seus depoimentos sobre as atividades de acessibilidade e direitos das pessoas com deficiência. Maria Helena, única albina a participar do Fórum, destacou que a luta por direitos não é exclusividade de quem tem algum tipo de deficiência e que toda a sociedade é convidada a participar do movimento. Para Wilson, o FSM também foi uma oportunidade de trocar experiências exitosas no Brasil com representantes tunisianos e angolanos que participaram das oficinas de acessibilidade.

As artes e cultura também fizeram parte do seminário, que contou com a intervenção poética de Ametista Nunes (Grupo Tortura Nunca Mais) e uma apresentação musical especial do cantor Kamaphew Tawa (Aspiral do Reggae), que também esteve na Tunísia, fazendo um emocionante show em praça pública.

Show de encerramento com Kamaphew Tawa (Aspiral do Reggae)


Para os participantes do Seminário, a expectativa é que a articulação feita entre o movimento social baiano em torno do Fórum permaneça, impulsionando uma mobilização em torno de diversas pautas que estejam ligadas ao FSM e às demandas locais do Estado e do país.

Quem desejar receber o revista lançada pelo Comitê Nacional do FSM 2015, solicite via email: comunicacaovidabrasil@gmail.com

Confira, também, o álbum de fotos do Seminário, clicando aqui.